Cynara Maíra | Publicado em 09/11/2025, às 07h59 - Atualizado às 08h28
A governadora Raquel Lyra (PSD) lançou, no sábado (08), as obras da Usina Solar Noronha Verde, um projeto de R$ 350 milhões da Neoenergia que visa a descarbonização de Fernando de Noronha.
O anúncio seria uma das principais entregas simbólicas do Brasil às vésperas da COP-30 e prevê tornar a ilha a primeira oceânica habitada da América Latina com geração de energia 100% limpa até 2027.
A agenda da governadora no arquipélago, que vai da sexta (07) até o domingo (09), ocorre em um momento de tensão logística. Na última segunda-feira (03), a administração da ilha enviou um apelo à Marinha do Brasil alertando para um "grave risco de colapso no abastecimento" de combustíveis, alimentos e medicamentos.
A solenidade de lançamento do Noronha Verde contou com a presença dos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e José Múcio Monteiro (Defesa). O presidente Lula (PT), que participaria originalmente do evento, cancelou a ida a Noronha na terça-feira (04) para focar nos preparativos da COP-30 em Belém.
Raquel Lyra afirmou que o projeto se soma a mais de R$ 500 milhões que já estão em investimento pelo Governo de Pernambuco no arquipélago. "Acreditamos que um local é atrativo para turistas quando também é bom para seus moradores", destacou a governadora.
O projeto Noronha Verde prevê a instalação de mais de 30 mil painéis solares integrados a sistemas de armazenamento por baterias (BESS), dobrando a capacidade de geração da ilha. O ministro Alexandre Silveira destacou que a iniciativa evitará o consumo de 8,6 milhões de litros de óleo diesel por ano.
"Fernando de Noronha dá exemplo para o mundo. Todas essas iniciativas são fundamentais para a sustentabilidade", enfatizou Silveira.
Durante o evento, também foi entregue a primeira Usina Solar Fotovoltaica Flutuante do arquipélago, instalada no Açude do Xaréu. Com um investimento de R$ 10 milhões, a usina suprirá cerca de 30% do consumo de energia da Compesa na ilha.
A agenda de Raquel Lyra na ilha incluiu um pacote de ações de infraestrutura e sociais. Na sexta-feira (07), a governadora entregou o Centro de Acolhimento à Mulher e assinou a ordem de serviço para a requalificação do cemitério local.
Também foi autorizada a licitação para a construção de 25 novas unidades habitacionais, um investimento de R$ 12,9 milhões (R$ 9,7 milhões do Estado e R$ 3,2 milhões do Governo Federal).
A governadora ainda vistoriou o Hospital São Lucas, que recebe um investimento de R$ 7,5 milhões para equipar o bloco cirúrgico e adquirir um novo tomógrafo e aparelhos de raio-X e ultrassom.
A visita de Raquel Lyra, no entanto, ocorre sob a sombra da crise de abastecimento. O apelo enviado à Marinha pede a suspensão da Portaria 31/CPPE, que impôs novas regras de segurança para as embarcações. A gestão da ilha alega que o prazo de 30 dias para adequação é "insuficiente".
Documentos obtidos pelo site Jamildo.com revelam que a Marinha agiu após ser alertada em março de 2023 sobre as "condições precárias de segurança" dos barcos. Uma denúncia do Sindicato da Marinha Mercante (Sindmar) citava "seis naufrágios... num período de 8 anos" e chamava o trecho Recife-Noronha de "Travessia da Morte".
A crise já motivou a Alepe a aprovar, na terça-feira (04), uma audiência pública na ilha para discutir "possíveis monopólios no transporte de mantimentos".
Apesar de fora da agenda da governadora, o tema deve ser discutido entre Raquel e a gerência de Fernando de Noronha.
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