Plantão Jamildo.com | Publicado em 09/12/2025, às 17h17 - Atualizado às 18h00
A Comissão de Acessibilidade e Mobilidade Urbana da Câmara Municipal do Recife promove, nesta quarta-feira (10), às 9h, uma audiência pública para discutir o processo de concessão do metrô do Recife à iniciativa privada. O encontro reunirá representantes de municípios da Região Metropolitana, dirigentes sindicais e a Superintendência do Metrô.
Entre os confirmados estão representantes da Prefeitura de São Lourenço da Mata, a pré-candidata ao Senado Marília Arraes, o deputado estadual João Paulo (PT), parlamentares do Recife, como Liana Cirne (PT), Tadeu Calheiros (MDB), Kari Santos (PT), Carlos Muniz (PSB) e de cidades vizinhas, como Henrique Metalúrgico, vereador de Jaboatão dos Guararapes e Marília Rufino, vereadora de Moreno.
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Luiz Soares e do Sindicato dos Ferroviários, Luiz Castro, além Superintendente do Metrô, Marcela Campos, também participa da sessão.
O presidente da comissão, vereador Fabiano Ferraz (MDB), afirmou que a audiência dá continuidade ao trabalho iniciado em setembro. “É mais um momento importante para ouvirmos a sociedade civil sobre a privatização de um equipamento público de grande relevância não apenas para o Recife, mas para toda a Região Metropolitana”, declarou.
A vereadora Kari Santos é suplente da Comissão e comentou com o Blog sobre seu posicionamento: ser contra a privatização do Metrô do Recife. "Todos nós sabemos exatamente o que acontece nesses processos: o serviço não melhora e o preço da passagem aumenta. É a população trabalhadora que paga a conta, enquanto uma empresa privada garante seu lucro", afirmou.
"Não existe justificativa técnica que sustente essa entrega. A tão falada 'reestruturação do metrô' pode, e deve, ser realizada com recursos do Governo Federal, como já vem sendo debatido nacionalmente", completou a parlamentar.
O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco e da Fenametro, Luiz Soares, afirmou em entrevista ao PodJá - o podcast do Jamildo, que a categoria não apoia a concessão do Metrô do Recife, mesmo que houvesse garantias de manutenção de empregos ou congelamento de tarifas. Segundo ele, a prioridade deveria ser a recuperação do sistema com investimento público e reforço da gestão.
“Não. Não. O Metrô é do povo”, disse Soares ao ser questionado sobre uma eventual possibilidade de apoio ao modelo de concessão. A pergunta foi baseada na fala do ministro da Casa Civil do governo Lula, que afirmou que a concessão teria um acordo para que a empresa responsável pela gestão do Metrô do Recife mantesse os cargos dos profissionais.
Em setembro, os vereadores da comissão estiveram na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para avaliar a situação do sistema em meio ao processo de transferência da gestão. Durante a visita, servidores relataram que o metrô opera com metade da frota e com apenas 14% dos recursos necessários, após anos de redução de investimentos federais.
Na ocasião, Fabiano Ferraz defendeu que o sistema permaneça público. “Percebemos a diminuição dos investimentos, o que levou ao sucateamento. Vou dialogar com deputados e senadores para garantir apoio político. Sou contra a privatização por entender que o equipamento tem servidores competentes e precisa dos recursos adequados, que podem ser fornecidos pelo Governo Federal”, afirmou.
A reunião contou com vereadores do Recife e de municípios como Olinda e Jaboatão dos Guararapes.
O metrô do Recife enfrenta uma crise prolongada, marcada por paralisações, furtos de cabos, falhas operacionais e incêndios em estações. Em resposta, governos federal e estadual articulam a concessão do sistema à iniciativa privada, por meio de uma Parceria Público-Privada.
O modelo em análise prevê a transferência da gestão da União para o Governo de Pernambuco, que será responsável pela condução do leilão. Pela proposta, a União deve aportar cerca de R$ 3 bilhões via BNDES, enquanto o Estado contribuiria com pouco mais de R$ 150 milhões para viabilizar a modernização e garantir pagamentos à futura concessionária.
A governadora Raquel Lyra (PSD) defende que o Estado antecipe recursos próprios antes da concessão, estimando investimento de até R$ 1 bilhão para compra de novos trens e recuperação dos terminais. Segundo ela, as negociações com o governo federal buscam totalizar até R$ 4 bilhões em investimentos.
“O governo federal colocou R$ 50 milhões na troca de dormentes e trilhos, mas a necessidade é de R$ 3 a R$ 4 bilhões. Minha proposta é que o Estado antecipe até R$ 1 bilhão para melhorias imediatas, enquanto a União garanta o restante”, afirmou.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, confirmou em agosto que faria todo o repasse do Metrô para o Governo de Pernambuco em setembro, incluindo a transferência de bens, imóveis e direitos de operação. Até agora, no entanto, o projeto não andou. Na ocasião, o ex-governador da Bahia alegou que o BNDES já havia elaborado estudos de demanda e investimentos para o metrô e o VLT.
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