Exclusivo: metroviários criticam postura de Raquel Lyra após anúncio sobre Metrô do Recife

Sindmetro-PE acusa Raquel Lyra de focar em privatização com empresa chinesa e ignorar "colapso" e risco de incêndio no Metrô do Recife

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 07/11/2025, às 13h01 - Atualizado às 13h33

À esquerda, uma foto de Raquel Lyra, à direita, uma foto do metrô do Recife, modelo CAF
Raquel Lyra anunciou planos para o Metrô do Recife com empresa chinesa - Foto: Yan Lucca / Jamildo.com

O Sindmetro-PE acusou Raquel Lyra de focar na privatização com a empresa chinesa CRRC e ignorar o "colapso" do metrô, citando o incêndio de 25 de outubro.

A crítica surgiu após o governo anunciar um acordo de cooperação com a CRRC para comprar seis novos trens e reformar estações.

O secretário André Teixeira Filho afirmou que o acordo é um sinal para a estadualização e futura concessão privada do modal.

O sindicato rebateu a promessa de recuperar terminais, afirmando que o "abandono atual é resultado direto da omissão da gestão Raquel Lyra".

A gestão estadual busca a antecipação de R$ 1 bilhão do governo federal para as melhorias, enquanto o sindicato cobra "verbas imediatas" e destaca seu próprio plano emergencial, que está sob análise da CBTU.

Em material exclusivo para o Jamildo.com, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) criticou a governadora Raquel Lyra (PSD) pela postura adotada em relação ao Metrô do Recife.

A reação ocorre após o secretário de Mobilidade, André Teixeira Filho, anunciar na quinta-feira (06) um acordo de cooperação técnica com a empresa chinesa CRRC para a compra de novos trens.

Em nota, o sindicato acusa a gestão estadual de ignorar o "colapso sem precedentes" do sistema para "abrir as portas para o processo de privatização". A entidade, presidida por Luiz Soares, afirma que a viagem da governadora à China revela a intenção de entregar o modal ao capital estrangeiro.

A nota cita diretamente o incêndio em um vagão no dia 25 de outubro, que, segundo o sindicato, quase resultou em mortes. "Mesmo assim, diante de um alerta tão brutal, o Governo de Pernambuco insiste em discursos frios, promessas distantes e palavras que não apagam o medo", diz o texto.

O Sindmetro-PE também rebateu a promessa do governo de "recuperar" os terminais integrados. A entidade argumenta que os terminais já são responsabilidade do Governo do Estado e que o "abandono atual é resultado direto da omissão da gestão Raquel Lyra".

Governo anuncia acordo com chinesa CRRC

O anúncio que motivou as críticas ocorreu em uma coletiva no Palácio do Campo das Princesas. O secretário André Teixeira Filho detalhou o retorno da visita de Raquel Lyra à China.

O governo deve assinar em até 30 dias um acordo de cooperação técnica com a CRRC, definida como a "maior fabricante de trens do mundo". A empresa chinesa retornará a Pernambuco no final de novembro ou início de dezembro para iniciar um diagnóstico técnico.

Segundo o secretário, o acordo é um sinal claro de que o Metrô do Recife será "estadualizado, para, em seguida, ter a operação concedida à iniciativa privada".

O objetivo inicial é a aquisição de seis novos trens, além da reforma de estações e melhorias na infraestrutura.

Para viabilizar a compra, o governo estadual busca a antecipação de R$ 1 bilhão do governo federal, valor que faria parte dos R$ 4 bilhões apontados pelo BNDES como necessários para a reestruturação do sistema.

Questionado se o Estado não estaria se antecipando ao negociar um sistema ainda federal, André Teixeira Filho defendeu a governadora. "É papel da governadora Raquel Lyra criar soluções para o problema do metrô, como ela se comprometeu ainda em campanha", afirmou.

Sindicato pede "verbas imediatas"

O sindicato contrapõe o plano de privatização à necessidade de recuperação pública. "Privatizar não é modernizar, é lavar as mãos diante da responsabilidade de garantir um transporte público seguro", afirma a nota.

A entidade destaca que apresentou um plano emergencial de curto prazo ao vice-presidente do TRT-6, desembargador Eduardo Pugliesi. Este plano é o mesmo que, após a greve da categoria, a CBTU (órgão federal) aceitou analisar durante a suspensão de 30 dias do movimento.

O sindicato encerrou a nota cobrando ações imediatas do governo estadual: "O momento exige verbas imediatas, na ordem de milhões, e não promessas mirabolantes de bilhões que nunca chegam".