Em discurso na Alepe, deputado apontou sobrecarga da rede municipal e defendeu que o Governo do Estado construa hospital regional em Petrolina
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 17/10/2025, às 10h33
Antonio Coelho defendeu hospital estadual regional em Petrolina durante discurso na Alepe.
Parlamentar apontou sobrecarga da rede municipal e deficiências reconhecidas pelo Estado.
Segundo o deputado, município investe mais recursos próprios em saúde que o Estado.
Proposta tem apoio da Câmara, da Prefeitura e de entidades da sociedade civil da região.
O deputado estadual Antonio Coelho (União Brasil) defendeu, nesta quinta-feira (16), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a construção de um hospital estadual regional em Petrolina, no Sertão do São Francisco. Em discurso no plenário, o parlamentar afirmou que a medida é necessária para garantir acesso a serviços de saúde mais próximos e adequados à população sertaneja.
Segundo o deputado, a proposta busca atender uma “necessidade urgente e legítima” de uma região que hoje depende de deslocamentos longos até a capital para obter atendimento especializado.
Petrolina é a terceira cidade mais populosa de Pernambuco, com mais de 418 mil habitantes, e concentra serviços que atendem cerca de meio milhão de pessoas de sete municípios do entorno. Apesar desse peso regional, é a única entre as 12 sedes regionais de saúde do Estado que ainda não conta com um hospital estadual de grande porte.
“O município de Petrolina tem arcado sozinho com o grosso da assistência médica e hospitalar do SUS. A Prefeitura opera nove unidades de saúde, mais que o dobro das mantidas pelo Estado. E a disparidade é ainda maior em número de vagas”, disse Antonio Coelho.
O parlamentar citou dados do Monitora SUS, segundo os quais o município investiu 20,84% do seu orçamento próprio em saúde em 2024, acima do mínimo constitucional de 15%. “Os investimentos municipais, por habitante, superam a soma dos aportes estadual e federal”, afirmou.
Antonio Coelho também apontou que o Mapa de Saúde Macrorregional IV, publicado pelo Governo de Pernambuco em 2024, reconhece deficiências nos serviços prestados no Sertão. O levantamento indica falta de UTIs neonatal, pediátrica e adulta, além de déficit em cirurgias de alta complexidade, oncologia, radioterapia e exames de imagem.
“O Hospital Dom Malan segue superlotado, e a única UPA 24h da cidade mantém pacientes graves internados por falta de leitos. Na UPA-E, a espera por exames pode ultrapassar um ano”, destacou o deputado.
Ele afirmou que, apesar do diagnóstico oficial, não foram adotadas medidas efetivas para reduzir o desequilíbrio entre as demandas e a capacidade da rede pública de saúde no Sertão.
O parlamentar informou que a proposta foi acolhida pela Câmara de Vereadores de Petrolina, pelo prefeito Simão Durando e por entidades da sociedade civil organizada, que passaram a defender a criação da nova unidade estadual.
“A construção de um Hospital Regional em Petrolina não é um privilégio, é uma necessidade justa. Cabe agora a esta Casa Legislativa se unir e fazer ecoar esse grito de justiça”, afirmou.
Segundo Antonio Coelho, o projeto representa um avanço estrutural para o Sistema Único de Saúde no interior e reforça a importância de equilibrar investimentos entre as regiões do Estado.
“Não há como falar em um Pernambuco mais justo e desenvolvido sem olhar para o interior e sem atender à 8ª Região de Saúde”, concluiu.
O governo de Pernambuco comprou um hospital particular para aumentar a oferta de leitos na rede pública do estado. De acordo com a gestão estadual, o Hospital Central Nossa Senhora Aparecida, em Paulista, no Grande Recife, vai funcionar como retaguarda para o Hospital da Restauração (HR), principal emergência pública do estado.
Segundo o governo, a compra vai acelerar as obras no Hospital da Restauração, iniciadas em 2023. O investimento foi de R$ 170 milhões. O novo hospital tem 259 leitos.
Em abril deste ano, a governadora Raquel Lyra (PSD) publicou no Diário Oficial do Estado o edital de licitação para a obra, com investimento previsto de R$ 135 milhões e a expectativa de ter 269 leitos e oferecer serviços de alta complexidade. No entanto, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) suspendeu a licitação em julho de 2025 devido a irregularidades, como sobrepreço e falta de clareza no edital.