Mudança no comando do diretório municipal do PL em Recife fortalece Anderson Ferreira e acirra divergências com Gilson Machado às vésperas de 2026
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 09/08/2025, às 10h19 - Atualizado às 10h48
A direita brasileira e pernambucana enfrenta um momento de "cada um por si" após uma sequência de reveses nas últimas semanas. A situação nacional do bolsonarismo tem impacto direto nas articulações locais. Com Jair Bolsonaro fora da disputa eleitoral, com duas condenações de inelegibilidade e em prisão domiciliar, sua base mais fiel mantém-se isolada e sem a presença do principal líder nas ruas.
Esse cenário abre espaço para um distanciamento maior entre o ex-presidente e setores da centro-direita e da direita tradicional, que avaliam o alto índice de rejeição de Bolsonaro — 60%, segundo levantamento Pulso Brasil/Ipespe — como fator de risco eleitoral. A pesquisa aponta que a rejeição é influenciada pelo impacto negativo do tarifaço imposto por Donald Trump contra o Brasil, medida que afetou a percepção pública.
Em Pernambuco, o quadro político também se altera. O grupo ligado ao ex-ministro do Turismo Gilson Machado perdeu espaço com a decisão do presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, respaldado pelo presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto. "O Recife é uma peça-chave na nossa estratégia para 2026. Estamos trabalhando para ampliar nossa atuação e fortalecer ainda mais a presença no estado", afirmou, em informe enviado ao site Jamildo.com
Anderson anunciou, na sexta-feira, 8 de agosto, a substituição de Gilson no comando do diretório municipal do Recife pelo vereador Paulo Muniz. No pano de fundo, a mudança tira Gilson da disputa pelo Senado - e quem sabe do partido - e confirma Anderson como pré-candidato ao cargo. Nos bastidores, é cotado que Gilson virá candidato a deputado federal, visto que faltaria legenda para disputar o Senado.
O PP, que já se disponibilizou para receber Gilson, tem o deputado federal Eduardo da Fonte como pré-candidato ao Senado.
O ex-ministro respondeu que recebeu a notícia pela imprensa e que não é o momento de tratar de eleições 2026. "É a hora de tratar das nossas garantias de liberdade, dos meus direitos constitucionais de poder falar, de ir e vir e, principalmente de solidariedade ao meu líder maior: Jair Messias Bolsonaro, que está sofrendo em prisão domiciliar e não participou dessa decisão".
O afastamento de Gilson é mais um capítulo de uma relação marcada por divergências internas no PL de Pernambuco. O ex-ministro já havia criticado Anderson e o irmão, André Ferreira, por ausência de apoio em eventos do bolsonarismo, citando a não participação da família Ferreira em atos pelo ex-presidente, como no último, ocorrido em 3 de agosto.
Anderson devolveu os ataques em entrevista à Rádio Folha, "um projeto pessoal não pode se sobrepor a um projeto partidário e de direita. Você se autointitular candidato é um equívoco", afirmou criticando o fato de Gilson ter se colocado publicamente como candidato ao Senado antes de uma definição interna.
O ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes ainda mencionou o desempenho da sigla nas últimas eleições no Recife, que classificou como a pior derrota da oposição em três décadas. "Ele lutou para ser candidato e o partido atendeu. Sabia que não teria chance, mas é um egocêntrico."
O dirigente estadual ainda relembrou disputas internas pelo uso do fundo partidário, apontando que Gilson recebeu R$ 6 milhões para a campanha de vereador do filho, valor que considerou incompatível com a estratégia de fortalecer a bancada na Câmara Municipal.
Usando uma metáfora, Anderson comparou sua postura diante das críticas à atitude de uma águia ao ser atacada por um corvo: “Quando seu inimigo tentar atacar, suba um nível”, afirmou.