Pesquisa do Cebrap, CCI e Democracia em Xeque aponta que o bolsonarismo atua como estrutura paralela à dos partidos formais, a partir da atuação digital
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 22/06/2025, às 11h16
Uma pesquisa conduzida pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), pelo CCI (Centro para Imaginação Crítica) e pelo Instituto Democracia em Xeque conclui que o bolsonarismo se comporta como um “partido digital” no cenário político brasileiro. Segundo o estudo, essa atuação ocorre de forma descentralizada e fora das estruturas formais da política institucional.
Os pesquisadores chamam essa estrutura de Partido Digital Bolsonarista (PDB), ressaltando que ela se diferencia da legenda que abriga a maioria de seus representantes, o PL, presidido por Valdemar Costa Neto. Ainda que parte da articulação política seja feita dentro do PL, o estudo mostra que o bolsonarismo opera com táticas próprias e conta com atores que não necessariamente fazem parte do partido formal.
A análise considerou o comportamento de todos os parlamentares federais do PL nas redes sociais, com foco em dois perfis distintos: os deputados do chamado Centrão e os bolsonaristas com atuação digital intensa, como Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Bia Kicis, Caroline de Toni, André Fernandes, Abilio Brunini, Chris Tonietto e Gustavo Gayer.
A coleta de dados foi feita em cinco semanas específicas, marcadas por temas de grande engajamento digital da base bolsonarista. Entre eles, a aprovação da proposta que restringe a saída temporária de presos, debates sobre o aborto, a campanha de Pablo Marçal à Prefeitura de São Paulo, o 7 de Setembro e o período final das eleições municipais.
O estudo utiliza conceitos de Max Weber e Antonio Gramsci para definir partido político como toda organização voltada à disputa de poder.
A conclusão dos pesquisadores é que, mesmo sem estrutura legal e institucionalizada, o chamado Partido Digital Bolsonarista funciona como uma força partidária paralela. Para os autores, a ausência de formalização não impede que o bolsonarismo seja considerado uma organização política com objetivos claros de poder.