Oposição fica fora da Frente de Fiscalização de Obras do Recife

Frente de Obras da Câmara do Recife terá predominância de vereadores da base de João Campos. Primeiras ações devem ser definidas na próxima semana

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 26/04/2025, às 10h01

Frente de Obras da Câmara do Recife terá predominância de vereadores da base de João Campos. Primeiras ações devem ser definidas na próxima semana. - Câmara do Recife
Frente de Obras da Câmara do Recife terá predominância de vereadores da base de João Campos. Primeiras ações devem ser definidas na próxima semana. - Câmara do Recife

A Câmara Municipal do Recife oficializou a criação da Frente Parlamentar de Fiscalização de Obras na cidade, conforme publicação no Diário Oficial do Poder Legislativo deste sábado (26). A nova frente, no entanto, chama atenção pela ausência de integrantes da oposição, sendo composta por vereadores da base do prefeito João Campos (PSB) e parlamentares independentes.

Os membros são: Hélio Guabiraba, Rinaldo Júnior, Eduardo Mota e Chico Kiko, correligionários do prefeito; Gilberto Alves (PRD) e as independentes Kari Santos, do PT; e Jô Cavalcanti (PSOL).

Vereadores de oposição como Eduardo Moura (Novo), Tiago Medina (PL) e Gilson Filho (PL) — protagonistas de fiscalizações em unidades de saúde e obras da prefeitura — ficaram de fora. Esses parlamentares utilizaram as redes sociais para divulgar vídeos de visitas a unidades de saúde, prática que desencadeou um debate sobre os limites da atuação fiscalizatória dos vereadores.

Segundo o líder do PSB na Câmara, vereador Rinaldo Júnior, a liderança da oposição, o Felipe Alecrim (Novo), orientou para que não houvesse adesão do grupo na Frente de Fiscalização de Obras na cidade. A proposta de criação da frente é de autoria do vereador Hélio Guabiraba (PSB).

Frente Parlamentar de Fiscalização das Obras

Vereador Rinaldo Júnior (PSB) e vereador Eduardo Moura (Novo)

De acordo com Rinaldo, a frente terá como objetivo "aprimorar" a prática de fiscalização no Recife, onde haverá calendário de visitas às obras - conforme orientação do Ministério Público - e a escolha da presidência da frente parlamentar serão definidos na próxima semana. O grupo deve, também fiscalizar a obra do novo Hospital da Criança do Recife, que fica no bairro de Areias, na Zona Oeste da capital.

O líder do PSB na Câmara criticou as ações feitas até agora pela oposição, alegando que beneficiam apenas a exposição pessoal dos autores e não entregam soluções concretas. "A frente vai seguir o padrão que a própria oposição diz seguir, mas de forma responsável e não midiática", afirmou.

Direito de fiscalização x ação midiática

Embora a Constituição Federal e a Lei Orgânica do Recife garantam o direito de fiscalização pelos parlamentares, a forma como as visitas têm sido realizadas foi questionada por entidades médicas e pelo Ministério Público. O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) emitiram alertas sobre a necessidade de respeitar o sigilo médico, a privacidade dos pacientes e o bom funcionamento dos serviços públicos.

Carol Tabosa, eleita presidente do Simepe neste mês, afirmou ao Jamildo.com que a fiscalização é bem-vinda, mas que precisa de um propósito. "Precisa ter alguns passos para que essa fiscalização ocorra de uma forma adequada e não no midiático, como para que vai servir, qual será o objetivo final e a quem vai cobrar."

Após uma visita do vereador Eduardo Moura à Maternidade Barros Lima, em Casa Amarela — que contou com filmagens internas e a presença da polícia —, o Cremepe divulgou nota de repúdio. A entidade defendeu a fiscalização, mas criticou o caráter "imprudente" e "midiático" de ações que poderiam prejudicar pacientes e profissionais.

Frente seria "fachada" para a base de João Campos

O vereador Tiago Medina (PL) criticou a instalação da Frente Parlamentar de Fiscalização de Obras sem a participação da oposição.

Em declaração ao site Jamildo.com, Medina afirmou que a frente seria usada como "fachada" pela base governista para controlar as ações de fiscalização, informando previamente a gestão sobre as visitas para que eventuais problemas fossem corrigidos.

Para o oposicionista, a iniciativa não é legítima e não representa o desejo da população de acompanhar de forma transparente o andamento das obras públicas e a aplicação dos recursos do município.