Tese do Centrão defende controle sobre orçamento da União. Em evento do PL, Bolsonaro mostrou entusiasmo sobre efeito das emendas nas eleições municipais
por Jamildo Melo
Publicado em 21/11/2024, às 09h18 - Atualizado às 09h48
Em um discurso em um evento do Partido Liberal (PL), na semana passada, o ex-presidente Bolsonaro disse que o Poder Legislativo era o mais democrático da República e por isto via sentido de que o orçamento (via emendas parlamentares) fosse concentrado em suas mãos, e não no Executivo (governo Lula, no momento).
Antes de assumir o primeiro mandato, na campanha de 2018, aliados do ex-presidente Bolsonaro apontavam o Centrão e o orçamento secreto como entre os maiores erros da República.
Em um discurso, o general Heleno chegou a cantarolar uma paródia musical cujo refrão dizia "se gritar pega Centrão (ladrão, na letra original), não fica um meu irmão". No governo, diante do pragmatismo político, o discurso acabou enfraquecendo.
De modo indireto, Bolsonaro também criticou o STF, ao se referir a uma decisão do ministro Flávio Dino, que relata justamente uma ação contra o Orçamento Secreto.
Bolsonaro observa que Dino não estaria se posicionando sobre a transparência do Orçamento, mas sob a forma de repasses. Dino é ex-ministro da Justiça de Lula.
Na semana passada, ao lado do filho Eduardo Bolsonaro, lançado "chanceler" do PL, para cuidar de assuntos internacionais, o ex-presidente falou das eleições de 2026 e um dos recados foi a defesa da reconciliação com o Centrão. A ordem foi para não ter brigas com PSD, PP e similares.
Como as eleições de 2026 passam antes pelas eleições legislativas, em especial o Senado, Bolsonaro defendeu que era preciso fazer gestos com o Centrão, que depois pode ser aliado mais na frente.
Neste contexto, é que o PL vai votar e fazer campanha para a eleição de Davi Alcolumbre para presidir o Senado.
A imprensa nacional informou que o próprio Eduardo Bolsonaro vai sair candidato ao Senado, em 2026.
Na fala, no que toca ao partido, Bolsonaro deixou claro que vai seguir a receita de Trump. Quer que o PL se volte para resolver a vida das pessoas e não ficar falando de identitarismo.
Um exemplo concreto deve se dar na polêmica em torno da PEC que trata da modificação da escala de trabalho da CLT, hoje em seis dias de trabalho por um de folga.
Na guerra com Lula e o PT, Bolsonaro recomendou que os deputados do PL votem para aprovar a medida, deixando o presidente Lula com a missão árdua de aprovar, e se dar mal com os empresários, ou vetar, se dando mal com os trabalhadores.
"A maioria não vai entender, se a gente ficar contra. Você combate uma picada de cobra com peçonha", ilustrou, com uma figura de linguagem, conforme apurou o site Jamildo.com.
Com ironia, sugeriu que a PEC estabeleça salário mínimo de 10 mil e que Lula seja instado a se pronunciar.
"Não vamos cair em areia movediça. Não vamos dar tiro no pé. Joguem o abacaxi para ele resolver. O PT quer renascer das cinzas jogando empregado contra patrão e temos que eleger a maior bancada do Brasil"
Em Alagoas, ele repetiu que vai pedir ao TSE que libere sua viagem para a posse do novo presidente americano.
Em uma fala que pode ser lida como uma provocação ao STF, afirmou que duvidava que o Trump assumindo, o X não seria bloqueado no Brasil. A conferir.
O ex-presidente Bolsonaro tirou a semana de férias, para descansar no litoral de Alagoas, mas não abandonou a política nacional
Nesta semana, o ex-presidente Bolsonaro tirou cinco dias de ferias, para descansar no litoral de Alagoas.
Ele está hospedado na pousada do ex-ministro Gilson Machado, localizada em São Miguel dos Milagres, no litoral de Alagoas, onde está pescando em alto mar.
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