Pesquisa mostra que eleitores prevêm aumento da polarização, mas "tarifaço" dos EUA preocupa mais a população que os efeitos econômicos do processo
por Cynara Maíra
Publicado em 16/09/2025, às 11h22 - Atualizado às 11h44
Segundo os dados da pesquisa do Instituto Ideia, divulgado nesta terça-feira (16), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro não deve pacificar o país.
O levantamento mostrou que a maioria dos brasileiros (60,9%) acredita que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) terá impacto direto na eleição presidencial de 2026, e 38,2% temem um aumento da polarização política. A pesquisa foi encomendada pela Oficina Consultoria.
Apesar de a maioria enxergar reflexos no cenário eleitoral, apenas 47% acreditam que a decisão terá consequências diretas em sua própria vida ou na do país.
O levantamento aponta para um cenário de pessimismo em relação ao futuro. Quase um terço dos brasileiros (32,9%) disse estar menos confiante no país após o julgamento, contra 25,3% que se declararam mais esperançosos.
Para Cila Schulman, CEO do Instituto Ideia, os números mostram que a decisão do STF não encerrou o ciclo de instabilidade. "Quase 40% acreditam que a polarização vai aumentar. É um dado decisivo, pois mostra que, para boa parte da sociedade, a decisão do STF não cicatriza feridas, apenas as mantém abertas”, analisa Schulman.
A pesquisa revela que, para a população, o principal risco para a economia não é o julgamento de Bolsonaro. Para 58,4% dos entrevistados, o "tarifaço" dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros tem um impacto maior, contra apenas 11,1% que apontam a decisão do STF como a maior ameaça econômica.
A instabilidade política já afeta o comportamento do consumidor. O estudo mostra que 36% dos brasileiros adiaram ou pretendem adiar compras importantes, como carros e eletrodomésticos.
A pesquisa também mediu a opinião sobre uma possível anistia para o ex-presidente. O tema divide a sociedade:
35,1% não têm opinião formada.
34,2% são contrários à anistia.
30,7% são favoráveis.
O apoio à anistia é mais expressivo na classe A, que forma em 48,7%.
A pesquisa do Instituto Ideia ouviu 1.543 pessoas em 563 municípios no dia 9 de setembro. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.