Impasse sobre votação de temas antes de recesso da Alepe motiva articulações entre raquelistas e oposição

Raquel Lyra tenta destravar empréstimo de R$ 1,7 bilhão e Orçamento de 2026. Oposição na Alepe exige votação de emendas impositivas

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 10/12/2025, às 07h34 - Atualizado às 08h15

Presidente da Alepe, Álvaro Porto
Álvaro Porto fala que Raquel Lyra faz chantagem para votar temas de interesse da gestão, enquanto governo afirma que oposição tenta atrapalhar Raquel Lyra - DIVULGAÇÃO

Impasse na Alepe: Votação da LOA 2026 e empréstimo de R$ 1,7 bilhão está travada devido a conflito entre Governo e Legislativo.

Exigências da Casa: Deputados condicionam a pauta à aprovação das PECs 30 e 31, que aumentam emendas impositivas e autonomia da Alepe.

Risco de Paralisia: Se a LOA não for votada até o dia 22, o governo pode começar o ano sem autorização para gastos essenciais.

Álvaro Porto (PSDB) acusa a governadora de "chantagem" e diz que empréstimo não é prioridade; base governista esvazia sessões em retaliação.

Negociação: Grupo tenta acordo para votar um "pacote" com demandas dos dois lados na próxima semana, mas desfecho é incerto.

A duas semanas do recesso parlamentar, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) continua em impasse com a gestão da governadora Raquel Lyra (PSD). A situação pode deixar o Estado sem Orçamento aprovado para 2026.

A queda de braço entre o Governo e o Legislativo, comandado pelo deputado Álvaro Porto (PSDB), travou a pauta de votações e coloca em risco a governabilidade no ano pré-eleitoral.

Para gestão, os principais pontos de tensão são a Lei Orçamentária Anual (LOA) e um pedido de empréstimo de R$ 1,7 bilhão, fundamentais para a gestão estadual pagar contas e realizar obras.

Já os deputados da oposição querem a aprovação das Propostas de Emenda à Constituição (PEC 30 e 31), que aumentariam o valor das emendas parlamentares impositivas e dariam maior autonomia financeira à Casa.

 A PEC 31 propõe elevar o teto das emendas impositivas para 1,55% da Receita Corrente Líquida em 2027, o que mudaria um acordo anterior que previa um aumento gradual até 1,2% em 2028.

O prazo regimental para votação da LOA expirou na última sexta-feira (5) sem a apreciação da matéria até o momento, nem na Comissão de Finanças. Sem a aprovação do Orçamento, o governo pode iniciar 2026 impedido de realizar despesas básicas, inclusive o pagamento de salários.

A ideia de Álvaro Porto poderia ser usar o poder de agenda como instrumento de pressão. Ele declarou publicamente que o empréstimo de R$ 1,7 bilhão "não é prioridade" e sinalizou que a LOA pode ficar para fevereiro se não houver acordo.

"Esperamos que a governadora pare de querer interferir nos trabalhos da Assembleia e querer fazer chantagem", afirmou Porto. A tal "chantagem" seria o esvaziamento do plenário pelos governistas, maioria numérica na Alepe, até que os temas de interesse de Raquel entrem na pauta. 

Um grupo de deputados de ambos os lados tenta costurar uma saída negociada. Segundo a jornalista Terezinha Nunes, do BlogDellas, a proposta na mesa seria a votação de um "pacote conjunto" em que a Alepe escolheria quatro projetos prioritários (incluindo as PECs) e o Executivo outros quatro (incluindo a LOA e o empréstimo), garantindo os 30 votos necessários para aprovação de todos.

No entanto, o deputado Alberto Feitosa (PL), presidente da Comissão de Justiça, nega que o acordo esteja fechado. "Pode ser na semana que vem, pode ser amanhã... Pode acontecer tudo, inclusive nada", afirmou Feitosa, reforçando a imprevisibilidade do cenário.