Filiação de Raquel Lyra ao PSD pode colocar o PSDB na oposição? Mudança na segunda (10) movimenta política para 2026

Fala de presidente nacional do PSDB dá a entender possibilidade de que partido fique na oposição do governo Raquel Lyra após governadora se filiar ao PSD

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 07/03/2025, às 06h55 - Atualizado às 07h31

Raquel Lyra e Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB - PSDB
Raquel Lyra e Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB - PSDB

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, está prestes a concluir sua mudança partidária.

Na próxima segunda-feira (10), às 18h55, no Recife, a governadora encerrará um ciclo de nove anos no PSDB ao assinar sua filiação ao PSD.

A mudança ocorre pouco mais de um ano antes das eleições de 2026. Além de facilitar o seu acesso ao fundo partidário, a legenda também representa uma aproximação com partidos da base do presidente Lula (PT).

PSDB pode ir para oposição? 

Após a divulgação nacional sobre a decisão de Raquel, o presidente nacional da legenda, Marconi Perillo, divulgou nota  para o Blog Dellas.

No material, o político reconhece a trajetória da governadora, mas critica a mudança para um partido governista.

O tucano também deixou claro que Raquel perderá o comando do PSDB em Pernambuco e que o ex-deputado federal Bruno Araújo conduzirá o processo de escolha da nova liderança estadual, com forte possibilidade de Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa, assumir o posto. 

Entre os bastidores, especula-se que Raquel Lyra planejava manter a influência dentro do PSDB para fortalecê-la em 2026 e evitar perder a legenda para Porto, no qual a política já teve diversos atritos. 

Com a migração da governadora para o PSD, o futuro do PSDB no estado ainda é incerto. O partido conta com três deputados estaduais e 32 prefeitos eleitos em 2020, grande parte alinhada com Raquel, o que pode resultar em novas mudanças na janela partidária de 2026.

Já a legenda tucana, sob nova liderança, pode se aproximar do PSB do prefeito João Campos.

Isso porque a saída de Raquel do PSDB também destravou negociações do partido com o Solidariedade. A ex-deputada federal Marília Arraes, vice-presidente regional da sigla, afirmou para Folha de São Paulo que a presença da governadora era um dos principais entraves para a federação entre as duas legendas.

O PSDB entregou menos votos que o Solidariedade para federal, e nós não aceitaríamos estar sob o comando de Raquel numa federação. Agora a conversa poderá fluir melhor”, declarou Marília.

Com Marília já tendo citado que apoiará o primo e prefeito do Recife em 2026 e a partir da possibilidade de que Porto assuma a legenda no estado, o PSDB poderá mudar de lado em Pernambuco, se aproximando dos socialistas.

Em 2024, durante as eleições municipais, o presidente da Alepe já tinha apoiado o nome de João Campos para reeleição, um endosse que poderia se repetir numa eventual disputa contra Raquel pelo Governo de Pernambuco. 

Apesar de focar em aproximação de Lula, PSD deve lançar candidatura própria para presidência

Apesar da filiação de Raquel ao PSD está vinculada com uma aproximação do Governo Lula, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que a governadora ingressa no partido sabendo que a legenda terá candidato próprio à Presidência da República em 2026.

Os nomes mais cotados são os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do Paraná, Ratinho Júnior.

Kassab destacou que não houve imposição de apoio a um nome específico na sucessão presidencial e que o PSD permite diferentes posicionamentos regionais. Ele também reforçou que a chegada de Raquel fortalece a legenda no Nordeste e que a governadora terá autonomia para conduzir o partido em Pernambuco.

A filiação de uma governadora nos dá envergadura na região. Se Raquel optar por apoiar Lula em 2026, não haverá problema. O PSD já tem casos assim em outros estados”, afirmou Kassab.

O evento de filiação da governadora deve reunir lideranças do partido em nível nacional e ministros do governo Lula. A expectativa da sigla é que Raquel Lyra se consolide como nome competitivo na disputa estadual contra João Campos.