Marília Arraes: os desafios para a retomada econômica de Pernambuco

Marília Arraes diz que a falta de políticas eficazes e elevada carga tributária dificultam recuperação econômica e a geração de empregos em Pernambuco

Marília Arraes | Publicado em 18/02/2025, às 13h08

Marília Arraes chama atenção para Pernambuco e Bahia liderando taxas de desemprego no Brasil, em 2024 - Leo Caldas/Divulgação
Marília Arraes chama atenção para Pernambuco e Bahia liderando taxas de desemprego no Brasil, em 2024 - Leo Caldas/Divulgação

Do pleno emprego, à estagnação e, agora, ao fundo do poço

Por Marília Arraes, em artigo para o site Jamildo.com

Em 2024, Pernambuco e Bahia registraram as maiores taxas de desemprego no Brasil, ambos atingindo 10,8%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 14 de fevereiro de 2025.

O Distrito Federal seguiu com uma taxa de 9,6%. Em contraste, Mato Grosso apresentou a menor taxa de desocupação, com 2,6%, seguido por Santa Catarina (2,9%) e Rondônia (3,3%).

A taxa média nacional de desemprego em 2024 foi de 6,6%, a menor desde o início da série histórica em 2012 .

No Nordeste, estados como Ceará (7,0%), Maranhão (7,1%), Piauí (7,2%), Alagoas (7,6%), Paraíba (8,3%) e Rio Grande do Norte (8,5%), registraram taxas de desemprego inferiores à de Pernambuco.

Historicamente, Pernambuco destacou-se como um dos motores econômicos do Nordeste, chegando a registrar taxas de desemprego inferiores a 5%, considerada taxa de pleno emprego.

Entretanto, a estagnação na geração de postos de trabalho nos últimos anos e, sobretudo, os números apresentados essa semana, são em função do baixo crescimento econômico.

Passados dois anos do atual Governo, onde estão os novos investimentos? Os já anunciados, principalmente em Suape, como a duplicação da refinaria e o novo terminal de contêineres, foram gestados em governos anteriores.

Pernambuco deixou de ser o destino de novos empreendimentos, basta ver os números das empresas anunciadas pela agência de desenvolvimento do Governo (Adepe), muito inferiores aos anunciados por Estados vizinhos.

Quanto aos investimentos públicos, como o arco-metropolitano, reformas de hospitais, obras de abastecimento de água, entre tantos outros prometidos, ainda não saíram do papel ou estão a passos lentos.

Diversos fatores contribuem para esse cenário. A política de atração de investimentos do Estado necessita ser revista para competir, eficazmente, em um mercado globalizado.

Falta ousadia.

Além disso, a carga tributária permanece elevada e desestimula empreendedores e investidores.

A ausência de programas abrangentes de qualificação profissional limita a inserção de trabalhadores no mercado, especialmente, em setores que demandam mão de obra especializada.

Outro aspecto relevante é a desconexão com a juventude, que cada vez mais busca independência e empreendedorismo, em vez de empregos formais tradicionais.

Essa é uma tendência global, clara resposta à precarização das relações de trabalho observada nas últimas décadas em vários países.

É imperativo que Pernambuco implemente políticas públicas focadas na melhoria do ambiente econômico, na geração de emprego e renda.

O diálogo constante com o setor produtivo é essencial para identificarmos demandas e oportunidades. Sem esquecer do apoio às micro e pequenas empresas, bem como aos empreendedores individuais, que fomentará a inovação e a criação de novas oportunidades.

Em suma, enfrentar os desafios do desemprego em Pernambuco requer uma abordagem multifacetada, que englobe atualização de políticas econômicas, incentivo ao empreendedorismo e o investimento em capital humano.

Somente assim o nosso Estado poderá retomar seu protagonismo econômico no Nordeste e oferecer melhores perspectivas para sua população.

Marília Arraes é advogada formada pela UFPE, pós graduada em Criminologia pela PUC-RS. Foi vereadora, deputada federal e candidata a governadora de Pernambuco