Com disputa por Lei Orçamentária, Álvaro Porto fala sobre futuro da relação com governo Raquel Lyra

Com duas Leis Orçamentárias publicadas, Álvaro Porto minimiza riscos de crise institucional em tensão com Raquel Lyra: "Pior do que está, não fica"

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 24/12/2025, às 12h47 - Atualizado às 13h28

Governadora Raquel Lyra e presidente da Alepe, Álvaro Porto
Ao lado de João Campos, Álvaro Porto comentou nova tensão com o Governo Raquel Lyra e citou que "pior que está, não fica" a relação entre os poderes - SECOM/ GOVERNO DE PERNAMBUCO

Pernambuco tem duas LOAs publicadas: uma sancionada por Raquel Lyra (com vetos) e outra promulgada por Álvaro Porto (sem vetos).

Álvaro Porto diz que a versão da Alepe é a única válida e que o clima político "pior do que está, não fica".

A disputa envolve a autonomia da Alepe sobre emendas e o limite de remanejamento de recursos do Executivo.

Raquel Lyra alerta para risco de paralisação de serviços e confirma intenção de judicializar o caso.

Presidente da Alepe acusa governo de "truculência" para conseguir assinaturas de apoio na base aliada.

A "queda de braço" entre o Palácio do Campo das Princesas e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) atingiu o ápice a terça-feira (23), com a publicação de duas Leis Orçamentárias Anuais (LOAs) e a possível judicialização do caso.

Após Álvaro Porto (PSDB) arquivar os vetos de Raquel Lyra (PSD), a gestora publicou a LOA com as restrições no Diário Oficial. Em outra posição de força, Porto promulgou a lei com a versão dos deputados, sem vetos na tarde do mesmo dia.  

Com duas leis oficiais em vigor para o mesmo orçamento, o caso deve entrar em judicialização em breve. 

Após chegar na reinauguração da Ponte Giratória ao lado do principal adversário político da governadora, o prefeito do Recife João Campos, Álvaro Porto comentou o  futuro da relação entre os Poderes.

Questionado se o clima político poderia piorar com uma eventual disputa nos tribunais, o parlamentar afirmou que "Pior do que está, não fica. Estamos dentro da constitucionalidade. O que a gente fez foi de acordo com a Constituição, tanto estadual como federal". 

O motivo da nova tensão entre Alepe e Governo de Pernambuco

A confusão começou quando a governadora vetou trechos do projeto aprovado por unanimidade na Alepe, incluindo a redução do limite para remanejamento de recursos de 20% para 10% e artigos que davam autonomia financeira aos poderes (artigos 10 e 11).

Álvaro Porto recusou a tramitação dos vetos, alegando "inconstitucionalidade formal", pois o Executivo teria vetado emendas parlamentares isoladamente, o que, segundo ele, fere a técnica legislativa que exige o veto integral de dispositivos.

A Alepe também acusou o governo de tentar enviar uma "segunda versão" dos vetos fora do prazo e sem protocolo físico, via e-mail, o que foi rejeitado pela Mesa Diretora.

"Eu não sei se é incompetência, se é lambança. Eu sei que está valendo a que a gente promulgou", afirmou Porto, chamando a publicação do governo de "lei que não está valendo nada".

Raquel vê "estranheza" e risco aos serviços

Do lado do Executivo, Raquel Lyra demonstrou preocupação com o impacto administrativo do conflito. Em agenda na Secretaria de Saúde, a governadora alertou que a insegurança jurídica pode prejudicar o funcionamento da máquina pública, incluindo o pagamento de salários e repasses de duodécimos.

"Isso não trata de Raquel, trata de 200.000 trabalhadores e uma gama de serviços. Me causa muita estranheza a gente ver discussões dessa natureza. É claro que se a gente tiver que recorrer ao Judiciário, nós vamos recorrer", declarou a gestora, classificando o episódio como um "imbróglio que não favorece a população".

O texto promulgado pelo Legislativo fixa o orçamento de 2026 em R$ 62,7 bilhões. Agora, caberá à Justiça definir qual das duas publicações terá validade legal.