Motta diz que vai propor mudança para o voto distrital misto nas eleições de 2030, argumentando que o modelo atual favorece o crime organizado
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 01/11/2025, às 12h56
Hugo Motta quer discutir a adoção do voto distrital misto para 2030.
Deputado diz que objetivo é evitar campanhas financiadas por organizações criminosas.
Mudança não atingiria as eleições de 2026, conforme determina a lei eleitoral.
Motta afirma que modelo tem apoio de parlamentares, partidos e sociedade civil.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou na sexta-feira (31) que vai colocar em debate a mudança do sistema eleitoral brasileiro, defendendo a adoção do voto distrital misto nas eleições de 2030. O parlamentar argumenta que o novo modelo ajudaria a reduzir a influência de organizações criminosas no financiamento de campanhas.
“Vamos enfrentar a discussão sobre a mudança do sistema eleitoral do nosso país, principalmente para as eleições proporcionais. Essa será uma pauta que eu irei colocar na ordem do dia a partir de agora. Penso que é plenamente possível, para as eleições de 2030, nós pensarmos a mudança do sistema eleitoral”, disse Motta em entrevista à GloboNews.
Segundo ele, o sistema atual facilita o acesso de grupos criminosos ao processo político. “Se não, nós vamos ter parlamentares sendo eleitos financiados pelo crime organizado, que é quem tem acesso a dinheiro vivo, que é quem tem dominado muitos territórios nas comunidades mais populosas do país”, declarou.
Motta explicou que o voto distrital misto combina duas formas de escolha: metade das cadeiras seria preenchida pelos candidatos mais votados em distritos geográficos e a outra metade pelo sistema proporcional, que continua em vigor para deputados e vereadores. “O crime organizado se infiltrou em várias camadas da sociedade brasileira, é natural que na política essas organizações tentem camuflar seus interesses. A mudança de sistema é uma forma de proteger a política desse financiamento ilícito”, afirmou.
O deputado também defendeu que o tema seja discutido com antecedência para evitar interpretações de que a alteração teria impacto nas eleições de 2026. Pela legislação, mudanças nas regras eleitorais só valem se aprovadas até um ano antes do pleito. “Esperei passar essa data justamente para deixar claro que a mudança não é para a próxima eleição. Nenhum parlamentar gosta de mudar o sistema eleitoral no qual se elegeu”, disse.
O presidente da Câmara mencionou ainda que o voto distrital misto e o voto em lista são alternativas que contam com maior apoio entre parlamentares, partidos e parte da sociedade civil. “O modelo que mais tem apoio é o distrital misto”, afirmou, acrescentando que pretende incluir o tema entre as pautas prioritárias da Casa.