Bastidores: Marília Arraes vira peça-chave na eleição de 2026 e embaralha planos do PSB

Marília Arraes dificilmente muda de palanque, mas admite dois caminhos: disputar o Senado ou recuar para a Câmara dos Deputados em uma legenda maior

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 30/10/2025, às 15h58

Marília Arraes e João Campos na Missa do Vaqueiro em Serrita
Marília Arraes e João Campos na Missa do Vaqueiro em Serrita - DIVULGAÇÃO/ ASSESSORIA

Datafolha mostra Marília Arraes (Solidariedade) na frente com 39% das intenções de voto para o Senado, seguida de Humberto Costa (PT), com 26%

Disputa tende a se concentrar nos blocos de João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSD), reduzindo espaço para novas vias

Fontes avaliam que, se não disputar o Senado, Marília pode migrar para o PSB e tentar mandato de deputada federal.

PSB busca fechar chapa com Humberto Costa, mas enfrenta pressão de nomes como Silvio Costa Filho, Miguel Coelho e até Eduardo da Fonte.

No voto, ela é imbatível.” A frase de uma fonte próxima a Marília Arraes resume o sentimento nos bastidores políticos de Pernambuco após a nova pesquisa Datafolha, que confirmou a ex-deputada federal na liderança isolada na corrida pelo Senado. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (29), mostra que o nome de Marília segue com força popular e pode influenciar diretamente o tabuleiro das alianças para 2026.

A avaliação entre aliados é de que Marília tem um patrimônio eleitoral consolidado e que seria um erro abrir mão dele. “Arriscar uma cadeira assegurada pelo apelo popular por outra, que ainda está em disputa, é de uma insensatez injustificável”, afirmou a mesma fonte. Do outro lado, um membro do PSB afirmou sob reserva é que o Solidariedade não oferece muitas vantagens para uma eventual coligação.

Mas, o jogo pode ter virado pela intenção de voto em torno do nome da neta de Miguel Arraes, apostando que o peso do Datafolha deve ser levado em conta nas negociações para a próxima eleição.

Mesmo com a boa posição, o entorno da ex-deputada descarta mudanças bruscas. Outro palanque é considerado improvável. A leitura é de que o cenário de 2026 estará polarizado entre João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSD), sem muito espaço para aventuras políticas fora dos blocos principais.

Ainda assim, há duas possibilidades em análise. A primeira é de que Marília não dispute o Senado e abra espaço para outro nome no campo da esquerda, o que poderia favorecer a candidata do PSOL, a vereadora pelo Recife Jô Cavalcanti. A segunda, mais especulada, seria uma mudança de estratégia: disputar uma vaga de deputada federal, possivelmente pelo PSB, servindo como puxadora de votos para a Câmara.

Marília Arraes deixou o PSB oficialmente em 2016, tendo rompido com a direção estadual legenda em 2014. Em 2018, concorreu pelo Partido dos Trabalhadores à Câmara Federal, sendo a segunda mais votada, com 193 mil votos.

A movimentação pós-pesquisa também mexe com o destino político da irmã, Maria Arraes (Solidariedade). “O melhor cenário para Maria é Marília ser candidata ao Senado, para ela reunir condições de disputar a reeleição”, diz a fonte. Caso a irmã mantenha o plano de disputar a Câmara, Maria teria dificuldade para renovar o mandato e poderia avaliar uma candidatura à Assembleia Legislativa.

Datafolha

Montagem de fotos com Marília Arraes, Humberto Costa, Anderson Ferreira, Eduardo da Fonte, Miguel Coelho, Silvio Costa Filho, Fernando Dueire, Gilson Machado e Anderson Ferreira

A nova pesquisa Datafolha, encomendada pelas rádios CBN Recife e CBN Caruaru, mostra Marília Arraes (Solidariedade) com 39% das intenções de voto para o Senado, à frente do candidato à reeleição, o senador Humberto Costa (PT), que tem 26%.

Abaixo, aparecem o ex-prefeito Miguel Coelho (União Brasil), com 19%, e o deputado Eduardo da Fonte (PP), com 18%. Nos demais cenários, sem alguns dos nomes mais à direita, Marília mantém vantagem e chega a 42% das intenções de voto. O levantamento foi feito entre os dias 21 e 23 de outubro, com 1.022 eleitores em 43 municípios de Pernambuco.

Chapa de João Campos

Miguel Coelho, Marília Arraes, João Campos e Silvio Costa Filho

Os números também mexem com a montagem da chapa majoritária do prefeito João Campos, que busca equilibrar o palanque entre aliados do governo federal e nomes ao centro e centro-direita. O senador Humberto Costa é tratado como presença certa no bloco do PSB, devido a aliança nacional com o Partido dos Trabalhadores.

Outros nomes, como o ministro Silvio Costa Filho (Republicanos) e o ex-prefeito Miguel Coelho (União Brasil), também aparecem na disputa pela segunda vaga, cada um com limitações distintas. Silvio tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas enfrenta baixa lembrança entre o eleitorado. Já Miguel, que tenta se posicionar como oposição à governadora Raquel Lyra, enfrenta o impasse da federação partidária entre União Brasil e Progressistas, que integra a base da ex-tucana.