Após trégua, Alepe volta às tensões entre governistas e oposição e empréstimo pode ficar para pós-recesso

Pausa no travamento das pautas parece ter sido apenas para evitar pressão dos professores, Alepe continua em alta tensão. Empréstimo para Raquel é foco

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 11/06/2025, às 06h39 - Atualizado às 07h26

Plenária da Alepe na terça (10) já retomou debate sobre empréstimo solicitado por Raquel - Roberto Soares/Alepe
Plenária da Alepe na terça (10) já retomou debate sobre empréstimo solicitado por Raquel - Roberto Soares/Alepe

Um dia após o plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) conseguir votar pela primeira vez em quase três meses alguma pauta enviada pelo Governo Raquel Lyra (PSD), o impasse que trava o Legislativo retornou.

O tema voltou a ser o pedido de empréstimo de R$ 1,5 bilhão, solicitado pela governadora há mais de 80 dias.

Deputados ainda brigam por empréstimo de Raquel Lyra

Enquanto Débora Almeida (PSDB) e Renato Antunes (PL) solicitaram novamente que a autorização fosse votada, o deputado estadual e presidente da Comissão de Administração Pública, Waldemar Borges (PSB), destrinchou alguns documentos que solicitou ao Governo do Estado para dizer que Raquel tenta “estocar autorizações”.

"É a frieza da realidade exposta pelos números. Aí vem falar de urgência. Vem falar de prazo. Vem querer fazer chantagem colocando qualquer obra, como se qualquer uma delas dependesse da liberação de mais recursos, de autorização para contrair novos empréstimos. Isso não é verdade. Os números contestam essa falsa narrativa. Autorização tem e muito. Na verdade, o que talvez ela queira fazer é um saldo de autorização, um estoque de autorização. Porque a autorização tem na ordem de R$ 9 bilhões. Agora só foi capaz de contrair R$ 2,6 bilhões. E de voltar para dentro do estado para os cofres públicos do estado R$ 1,2 bilhão”, disse Waldemar

Em sua fala, Débora Almeida afirmou que essa resistência na votação do empréstimo seria uma “decisão política” por “desespero da oposição porque em 2024 Pernambuco teve o maior crescimento do PIB dos últimos 15 anos”.

Tanto a deputada quanto o decano Antônio Moraes (PP) argumentaram que a Alepe infringe as normas jurídicas ao não votar um projeto após mais de 45 dias de tramitação.

No PodJá- O Podcast do Jamildo, Moraes afirmou que o Governo tem maioria no plenário, mas a oposição não deixa os projetos chegarem nesta etapa, o que trava o processo.

Com o ritmo e tensões que ocorrem na Alepe, Raquel talvez só consiga ver seu pedido votado após o recesso dos parlamentares, já que os políticos param as atividades legislativas um pouco antes do São João e só retornam em agosto.

Apesar de não votarem pautas principais, os parlamentares chegaram a aprovar na terça três projetos de lei complementar sobre o sistema de Justiça do estado. 

Alfinetada em João Campos

Além do impasse com o empréstimo, o debate também chegou mais diretamente na eventual disputa das eleições de 2026, com os governistas comparando o reajuste salarial de 3% acordado pelo prefeito João Campos (PSB) aos professores municipais, com os 6,27% que Raquel negociou com os profissionais do estado.

Professores conseguem destravar a pauta e votar reajuste

Na segunda-feira (09), os deputados destravaram a pauta e votaram o projeto de lei complementar que assegurava o reajuste salarial e mudanças no plano de carreira de professores e outros profissionais da educação.

O tema foi votado após ser apresentado mais de duas vezes ao plenário, mas não conseguir seguir em frente por falta de quórum. A mudança parece ter ocorrido após articulação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (SINTEPE) internamente e por pressão pública da categoria.

Além de paralisação e ir diretamente assistir às atividades legislativas, o Sintepe chegou a montar uma cartilha com os deputados que não compareceram ao Plenário no dia 04 de junho para afirmar que esses parlamentares estariam “atrasando o reajuste da educação”.

Caso o tema não fosse votado logo, os professores ficariam sem receber o reajuste salarial na folha de pagamento de junho.