Informações em primeira mão recebidas pelo site indicam que Álvaro Porto teria responsabilizado a gestão Raquel Lyra por problemas na votação do reajuste
por Cynara Maíra
Publicado em 09/06/2025, às 11h06 - Atualizado às 12h03
Em encontro realizado na manhã desta segunda-feira (9) com representantes do Sintepe, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), atribuiu à governadora Raquel Lyra (PSD) a responsabilidade pelo impasse que impede a votação do reajuste salarial dos professores da rede estadual e afirmou que a gestora só queria "dar ordens".
A reunião ocorreu no auditório Sérgio Guerra, como parte das mobilizações promovidas pela categoria, que decretou paralisação das atividades em todo o estado para esta segunda.
Segundo informações obtidas com exclusividade pelo Jamildo.com, Porto relatou aos presentes o teor de uma ligação feita pela governadora, que teria solicitado a imediata aprovação de projetos do Executivo, entre eles o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 2968/2025, que trata do reajuste e da reestruturação das carreiras da educação.
“Quando ela ligou, a primeira palavra foi: ‘Eu quero que amanhã seja colocado em votação os projetos e é para aprovar’. Mas aqui não se resolve as coisas com ordem, e sim com diálogo. Quem manda nessa Casa são os deputados e o povo pernambucano”, afirmou Porto, diante dos sindicalistas e professores. Ele criticou o tom do telefonema e afirmou que “não vai receber desaforo”.
Durante a reunião, o presidente da Alepe também exibiu uma linha do tempo da tramitação do PLC 2968/2025, para afirmar que a Casa tem se empenhado em acelerar a análise da proposta desde sua chegada, no dia 28 de maio.
Segundo a linha do tempo, os pareceres das comissões de Justiça, Finanças, Administração Pública e Educação foram aprovados rapidamente, entre os dias 3 e 4 de junho.
Porto reiterou que a votação não foi possível por ausência de parlamentares da base governista. “A Assembleia fez sua parte. Pautamos o projeto em três sessões consecutivas, mas a base do governo não compareceu. Cabe à governadora garantir o quórum”, afirmou.
A paralisação desta segunda foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco como resposta ao bloqueio na tramitação da proposta. O PLC 2968/2025 prevê reajuste de 6,27% no piso salarial da categoria, retroativo a 1º de janeiro, além de mudanças nas faixas de progressão e gratificações técnicas.
Para a presidente do Sintepe, Ivete Caetano, o projeto não pode ser usado como moeda de troca em disputas entre Executivo e Legislativo. “Esse é um direito conquistado em negociação. Não pode ficar refém de outras pautas”, disse.
Após a reunião com Álvaro Porto, a categoria seguiu para o plenário da Alepe, onde pretendia acompanhar a sessão e pressionar pela votação. Professores, estudantes e apoiadores lotaram as galerias com faixas e gritos de ordem.
O travamento da pauta da Alepe se dá, principalmente, pela falta de consenso entre base e oposição sobre o pedido de empréstimo de R$ 1,5 bilhão solicitado pelo Executivo. A oposição exige maior transparência sobre os R$ 9,2 bilhões já contratados desde 2023, e acusa o governo de não responder aos pedidos de informação.
A base governista, por sua vez, tem adotado a estratégia de esvaziar o plenário, impedindo a votação de matérias, como forma de resposta ao atraso no andamento dos projetos do Executivo.
Raquel Lyra afirma manter o diálogo com a Assembleia e garantiu que, uma vez aprovado, o reajuste será incorporado à folha de junho, com pagamento em até 48 horas após a aprovação.
A gestora também prometeu rodar uma folha extra, caso a votação ocorra após o fechamento da folha principal. “Vamos deixar tudo pronto para que, em até 48 horas após a votação, façamos a liberação dos recursos”, prometeu a governadora.