Força dos professores vence duelo na Alepe, mas disputa deve continuar

Força dos professores vence disputa na Alepe, em votação que foi um reflexo do impasse vivenciado entre Executivo e Legislativo

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 09/06/2025, às 19h30 - Atualizado às 21h05

Professores lotaram as galerias e obtiveram aprovação de reajuste - Divulgação
Professores lotaram as galerias e obtiveram aprovação de reajuste - Divulgação

O reajuste dos professores foi finalmente aprovado na Alepe, colocando uma breve pausa na quebra de braço entre os poderes Legislativo e Executivo.

A base governista vinha esvaziando as sessões como forma de pressionar o Parlamento a votar o projeto de lei que autoriza um empréstimo de R$ 1,5 bilhão para o Governo do Estado.

A aprovação do reajuste dos professores ocorreu com forte mobilização. Houve a presença do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) nas galerias e nas discussões da Alepe, para pressionar os deputados que estavam esvaziando o plenário.

A votação teve placar unânime em dois turnos e encerrou um impasse que se agravou na semana passada, quando a bancada governista esvaziou sessões plenárias e protelou a apreciação do texto.

No primeiro turno, a oposição e os independentes garantiram 19 dos 31 votos, incluindo nove do PSB e um do presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB).

Da bancada do governo, havia uma minoria de 12 presentes. No segundo turno, quando houve 34 votos, os parlamentares do PSB, outros membros da oposição e os integrantes da bancada independente cravaram novamente a maioria: 19. Porto também votou favoravelmente. Já o governo assegurou 14 votos.

Por conta da participação em maio número, a oposição saiu comemorando a aprovação.

"As bancadas de oposição – liderada pelo PSB – e independente na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) garantiram, nesta segunda-feira (9), a aprovação do Projeto de Lei Complementar 2968/2025, que trata do reajuste do piso salarial dos professores da rede estadual", divulgaram, em nota.

Há mais de duas semanas, a bancada do governo, em reação a uma orientação da mesa diretora da Alepe,  não vinha garantindo quórum para a votação das matérias.

Depois de uma paralisação marcada para hoje pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), o governo garantiu número de parlamentares aliados para a vitória almejada pelos professores.

"A mobilização dos profissionais da educação e do Sintepe foi exemplo de luta democrática. Eles não apenas acompanharam as sessões, mas também fizeram valer sua voz, cobrando respeito, valorização e justiça", disse Diogo Moraes, líder da Oposição.

O deputado enalteceu o papel do presidente da Alepe, Álvaro Porto. "Mesmo diante do impasse político, manteve o compromisso com a pauta da educação e conduziu os trabalhos com responsabilidade institucional para garantir a votação do reajuste".

"... venceu o diálogo. Esta é uma lição para os poderes constituídos que, diante de divergências, é preciso haver diálogo”, disse a presidente do Sintepe, Ivete Caetano, em informe ao site Jamildo.com.

“Perdeu quem quis fazer do projeto de lei da educação um objeto de negociação e ganhou a escola pública e o povo pernambucano. Educação pública é um direito que precisa ser colocado nas mais altas prioridades”, completou.

Assinatura da governadora Raquel Lyra

O projeto de lei aprovado segue agora para a sanção da governadora para que o reajuste seja efetivado na folha de pagamento agora de junho, conforme acordo do poder executivo com o Sintepe.

“O Sindicato seguirá atento, acompanhando a efetiva implementação das medidas e lutando para que nenhum direito seja desrespeitado”, concluiu a presidenta do Sintepe, Ivete Caetano.

A partir da vigência da nova Lei, o piso salarial dos professores, com jornada de 200 horas-aula mensais, passa a ser de R$ 4.867,77 para quem ganha abaixo deste valor. Para o restante da categoria, haverá reajuste que variam entre 6,27% e 8,38%.