O autor e artista pernambucano J. Borges faleceu na manhã desta sexta-feira (26) aos 88 anos e deixa um legado para cultura da xilogravura
por Cynara Maíra
Publicado em 26/07/2024, às 08h32
O xilogravurista José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges, faleceu nesta sexta-feira (26), aos 88 anos. O artista e escritor de cordéis morreu na cidade de Bezerros, Agreste de Pernambuco.
De acordo com a família, J. Borges faleceu de causas naturais próximo das 6 horas da manhã dessa sexta. O artista já estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Até o momento não foram divulgadas informações sobre o enterro e velório do xilogravurista.
Após o anúncio do falecimento, diversas autoridades políticas lamentaram a morte de José Francisco Borges. Dentre eles está a senadora Teresa Leitão (PT). A política afirmou que "o pai da xilogravura manteve, até o fim, seu traço certeiro e nordestino".
Teresa ainda cita que as obras que têm do artista estão em Brasília para lembrá-la da "nossa terra e nossa gente".
A governadora Raquel Lyra (PSDB) também apresentou nota de pesar. Raquel citou que "J. Borges levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco para o mundo" e que sua presença deixará "saudade imensa". A líder do Executivo desejou os pêsames para família e os amigos do autor.
O artista é conhecido como mestre da arte popular brasileira e nasceu em 20 de dezembro de 1935; Neste ano ele completaria 89 anos.
Ao frequentar apenas um ano de escola, começou a trabalhar com 10 anos como carpinteiro e pedreiro na juventude, ele escreveu seu primeiro cordel aos 21 anos. O material intitulado "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina" vendeu mais de cinco mil exemplares em dois meses.
O primeiro cordel do autor foi publicado em 1964. O início na xilogravura iniciou justamente para ilustrar os versos do material. As imagens criadas por J. Borges são criadas diretamente na madeira, sem a realização de rascunhos.
Como não tinha recursos para pagar um ilustrador, fez ele próprio as xilogravuras em entalhes de madeira. J. Borges afirmava que a pobreza é a criadora da rica cultura popular do Nordeste.
J Borges recebeu a comenda da Ordem do Mérito Cultural do presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda em 1999.
O autor também ganhou o prêmio UNESCO na categoria Ação Educativa/Cultural e se tornou Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco em 2005.
Ariano Suassuna considerava J. Borges o melhor gravador popular do Nordeste e incentivou a disseminação de suas obras.
Jamildo Melo teve a oportunidade de entrevistá-lo para seu livro "Artesanato em Pernambuco".
* Matéria em atualização
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