Curso de Medicina do Pronera é iniciado na UFPE com 80 estudantes de assentamentos, comunidades rurais e quilombolas de todas as regiões do país
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 03/12/2025, às 15h45
UFPE e Incra realizam aula inaugural do primeiro curso de Medicina do Pronera.
Turma reúne 80 alunos selecionados entre mais de 1,5 mil candidatos.
Curso é voltado a assentados, agricultores familiares e comunidades quilombolas.
Autoridades destacam impacto na formação e no atendimento em territórios de origem
A aula inaugural do primeiro curso de Medicina ofertado pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) foi realizada no campus Agreste da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Caruaru. O início das atividades reuniu 80 estudantes escolhidos entre mais de 1,5 mil candidatos, além de representantes do Incra, da universidade e de movimentos sociais.
A cerimônia contou com a presença do diretor de Desenvolvimento do Incra, José Ubiratan Santana, da coordenadora nacional do Pronera, Clarice dos Santos, e do reitor da UFPE, Alfredo Gomes. Também participaram o vice-reitor, Moacyr Araújo, e autoridades locais e nacionais ligadas ao setor educacional.
O curso, pioneiro no país, é voltado para assentados da reforma agrária, agricultores familiares de comunidades quilombolas e pessoas atingidas por barragens. O financiamento é compartilhado entre o Incra e o Ministério da Saúde, enquanto a UFPE será responsável pela execução acadêmica.
A coordenadora do curso, Macciene Mendes, afirmou que a iniciativa amplia o acesso de grupos historicamente afastados do ensino superior. “A única diferença entre os alunos do Pronera e os demais é a oportunidade que agora se abre para eles. Estes jovens vão acrescentar muito conhecimento, saberes diferentes, porque lidam diretamente com o tema do desenvolvimento sustentável”, disse.
O reitor Alfredo Gomes destacou o potencial de impacto nos territórios onde os estudantes vivem. “Torço pelo êxito de todos os alunos, porque eles terão impacto muito grande nos territórios de saúde para atender à população, o que fortalecerá o SUS. Estou seguro de que a UFPE está no caminho certo e de que outras universidades públicas também venham a ofertar cursos dentro do Pronera”, afirmou.
Para o diretor de Desenvolvimento do Incra, José Ubiratan Santana, o início da turma representa um marco. “Agricultores familiares, filhos de agricultores, assentados e de comunidades quilombolas vão vestir o jaleco. Vida longa ao Pronera!”, disse.
Os 80 alunos vêm de todas as regiões do país. Marta Denise, do assentamento Nova Conquista, em Açailândia (MA), afirmou à comunicação do Incra, que cursar Medicina parecia inviável. “Sempre sonhamos, mas era algo um pouco inalcançável, porque, como assentada, tivemos acesso mais limitado à educação. Mas, graças ao Pronera, hoje estamos aqui”, relatou.
Eliane Siqueira, da comunidade quilombola Jatobá II, em Cabrobó (PE), também via a carreira médica como distante. Agora, projeta atuar em sua comunidade. “Não vou esquecer de onde eu vim. Vim da minha comunidade e vou voltar para atender meu povo”, afirmou.
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