Cremepe notifica UFPE contra curso de Medicina para assentados

Conselho Regional de Medicina também pediu providências ao Ministério Público contra curso de medicina para assentados

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 30/09/2025, às 13h42 - Atualizado em 01/10/2025, às 10h00

Cremepe fachada
Cremepe criticou processo seletivo para curso de medicina da UFPE

Antes da decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE) notificou formalmente a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a respeito de supostos "graves vícios de legalidade e inconstitucionalidade" no Edital do processo seletivo para o curso de Medicina exclusivo para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA).

O TRF5 suspendeu o edital preventivamente até o fim do processo. 

Em nota oficial, o CREMEPE detalhou os principais pontos que motivaram a notificação. A principal crítica é a "destinação exclusiva de 100% das vagas a um único grupo", o que, segundo o Conselho, fere o princípio da isonomia e extrapola o que a jurisprudência prevê para ações afirmativas.

O Conselho informou que também encaminhou uma representação formal ao Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE), solicitando a apuração completa dos fatos e a adoção das medidas legais cabíveis.

O deputado federal Mendonça Filho (União) também informou que irá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o edital, conforme o Jamildo.com informou.

"Vamos ingressar no STF contra essa medida absurda da UFPE, que já foi tentada em outros estados sem sucesso", informou Mendonça Filho, em video no Instagram.

LEIA A NOTA OFICIAL DO CREMEPE

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) notificou formalmente a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a respeito de graves vícios de legalidade e inconstitucionalidade identificados no Edital nº 31/2025, referente ao processo seletivo do curso de Medicina vinculado ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA).

Entre os principais pontos questionados, destacam-se:

- A destinação exclusiva de 100% das vagas a um único grupo, o que fere o princípio da isonomia e vai além do que prevê a jurisprudência sobre ações afirmativas;

- Prazos exíguos de inscrição e recurso, dificultando o acesso e violando a publicidade dos atos administrativos;

- Critérios avaliativos inadequados, que ignoram disciplinas essenciais para a formação médica;

- Risco à qualidade da formação médica, com reflexos diretos na assistência à saúde da população.

Além da notificação enviada à UFPE, o Cremepe também protocolou uma Notificação Extrajudicial e encaminhou Representação formal ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), requerendo apuração dos fatos e adoção das medidas legais cabíveis.

O Conselho ressalta que reconhece e valoriza a autonomia universitária, bem como as políticas afirmativas, mas defende que estas devem observar os limites constitucionais, com respeito à razoabilidade, impessoalidade, isonomia e eficiência, especialmente quando se trata da formação de médicos que atuarão diretamente na promoção da saúde da população.

O Cremepe seguirá atento e atuante na defesa da boa prática médica e da saúde pública.