Trabalho por aplicativos alcança 1,7 milhão de pessoas no Brasil, diz IBGE

Pesquisa do IBGE mostra aumento de 31% em dois anos no número de trabalhadores plataformizados e aponta alta informalidade e longas jornadas semanais

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 17/10/2025, às 12h06

Motos estacionadas
Motos estacionadas - Paulo Pinto/Agência Brasil

1,7 milhão de brasileiros trabalharam com plataformas digitais em 2024, segundo o IBGE.

Transporte e entregas concentram mais de 80% dos trabalhadores plataformizados.

Rendimento médio mensal é maior, mas ganho por hora é inferior ao de outros trabalhadores.

Mais de 70% estão na informalidade e apenas 35,9% contribuem para a Previdência.

O número de trabalhadores brasileiros que prestam serviços por meio de plataformas digitais chegou a 1,7 milhão em 2024, o equivalente a 1,9% dos ocupados no setor privado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), divulgada nesta sexta-feira (11) pelo IBGE.

O levantamento mostra um aumento de 31% em dois anos. Em 2022, esse grupo somava 1,3 milhão de pessoas, ou 1,5% dos trabalhadores. O instituto incluiu neste recorte não apenas motoristas e entregadores de aplicativos, mas também profissionais que realizam serviços intermediados digitalmente — como médicos, diaristas, tradutores e programadores.

A maioria dos trabalhadores plataformizados está nas áreas de transporte particular de passageiros (53,1%) e entregas de comida e produtos (29,3%). Aplicativos de táxi representam 13,8% do total, enquanto 17,8% atuam na prestação de serviços gerais ou profissionais, como faxina, cuidados pessoais e consultorias.

Esse último grupo foi o que mais cresceu em 2024, praticamente dobrando em relação a 2022. O IBGE destaca que um mesmo trabalhador pode aparecer em mais de uma categoria, caso atue, por exemplo, como motorista e entregador ao mesmo tempo.

Perfil e condições de trabalho

O levantamento mostra que o perfil predominante entre os trabalhadores de plataformas é composto por homens (83,9%), pessoas entre 25 e 39 anos (47,3%), e com nível médio completo ou superior incompleto (59,3%). Mais da metade (53,8%) se declaram pretos ou pardos.

A pesquisa também revela que esses profissionais trabalham mais horas e ganham menos por hora do que os demais. A média semanal de jornada é de 44,8 horas, contra 39,3 horas entre os não plataformizados. O rendimento médio mensal é R$ 2.996, acima dos R$ 2.875 de quem não atua com aplicativos, mas o ganho por hora é menor: R$ 15,4, contra R$ 16,8.

Informalidade e baixa contribuição previdenciária

A informalidade continua alta entre os trabalhadores de plataformas digitais. Mais de 70% (71,1%) não possuem vínculo formal, e apenas 35,9% contribuem para a Previdência Social, segundo o IBGE.

Os dados indicam que, embora o trabalho mediado por aplicativos tenha se consolidado como uma forma de ocupação relevante, ele ainda apresenta fragilidades em proteção social e estabilidade de renda.