Pernambuco registra 35% dos domicílios com insegurança alimentar, diz IBGE

Quase 35% dos domicílios em Pernambuco sofrem com insegurança alimentar, refletindo desigualdades históricas e diferenças por gênero e raça

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 11/10/2025, às 13h07

Pernambuco tem 35% dos lares com insegurança alimentar
Pernambuco tem 35% dos lares com insegurança alimentar - Tânia Rêgo/ Agência Brasil

Cerca de 35% dos domicílios do estado enfrentam insegurança alimentar, colocando Pernambuco em 5º lugar no ranking nacional de pior índice, segundo a PNAD Contínua do IBGE.

O levantamento divide a condição em três níveis: leve (preocupação e redução de qualidade), moderada (redução de qualidade e quantidade para adultos) e grave (escassez de alimentos também para menores de 18 anos).

Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) apresentam os piores índices proporcionais, enquanto Sudeste e Nordeste concentram maior número absoluto de domicílios em situação de vulnerabilidade.

A maioria dos domicílios afetados é chefiada por mulheres (60%) e por pretos ou pardos (70%), evidenciando desigualdades de gênero e raça na insegurança alimentar.

A cada 100 domicílios em Pernambuco, cerca de 35 enfrentam algum nível de insegurança alimentar. O estado ocupa o 5º lugar no ranking nacional, segundo dados divulgados na sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

No topo da lista dos estados com os piores índices estão Pará (44,6%), Roraima (43,6%), Amazonas (38,9%), Bahia (37,8%), Pernambuco (35,3%), Maranhão (35,2%), Alagoas (35%) e Sergipe (35%).

Em relação ao período anterior, a maioria das unidades federativas apresentou melhora nos números, exceto Roraima, que passou de 36,4% para 43,6%; Distrito Federal, de 26,5% para 27%; Amapá, de 30,7% para 32,5%; e Tocantins, de 28,9% para 29,6%.

O levantamento do IBGE classifica a insegurança alimentar em três níveis:

  • Leve: preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e ajustes na qualidade para não afetar a quantidade.
  • Moderada: redução da qualidade e quantidade de alimentos consumidos por adultos.
  • Grave: escassez de alimentos também entre menores de 18 anos, caracterizando experiência de fome no domicílio.

Atualmente, quase um em cada quatro domicílios no país ainda enfrenta algum nível de insegurança alimentar, enquanto mais de 75% estão em situação de segurança alimentar.

Desigualdades históricas e os piores índices

Apesar da redução geral da insegurança alimentar no país – mais de dois milhões de domicílios saíram da condição entre 2023 e 2024 –, as regiões Norte e Nordeste permanecem com os piores índices, refletindo desigualdades históricas.

No Norte, 37,7% dos lares apresentam precariedade alimentar (aproximadamente 2,2 milhões de domicílios), enquanto no Nordeste o índice atinge 34,8% (cerca de 7,2 milhões). As demais regiões registram: Centro-Oeste, 20,5% (1,3 milhão); Sudeste, 19,6% (6,6 milhões); e Sul, 13,5% (1,6 milhão).

Em termos absolutos, a região Sudeste, por concentrar a maior parte da população, tem um número elevado de domicílios em situação de insegurança alimentar. Uma coisa é olhar por termos proporcionais, com piores situações no Norte e Nordeste. Mas quando vemos em termos de quantidade, são Nordeste e Sudeste”, explica a analista da pesquisa, Maria Lucia Vieira.

A taxa de insegurança alimentar grave no Norte foi quase quatro vezes maior do que na região Sul, onde o índice foi de 1,7%.

O levantamento também evidencia desigualdades por gênero e raça. A maioria dos domicílios afetados é chefiada por mulheres, responsáveis por quase 60% dos casos, contra pouco mais de 40% sob comando masculino. Além disso, pretos e pardos lideram 70% dos lares em situação de insegurança alimentar, enquanto brancos representam 28,5%.