Após batalha na Justiça do Trabalho, grupo de auditores toma controle do Sindifisco e dá início a uma gestão provisória na entidade
por Jamildo Melo
Publicado em 06/06/2025, às 06h56 - Atualizado às 08h42
O que parecia o roteiro de uma série de suspense jurídico terminou, nesta quinta-feira (5), com um final feliz e aclamado pelo grupo Paridade, formado por auditores fiscais e julgadores administrativo-tributários do Tesouro Estadual de Pernambuco.
Reunidos em Assembleia Geral Extraordinária na sede do Sindifisco, no Recife, 361 filiados presentes decidiram, por quase unanimidade (apenas 3 votos contrários), pela destituição da diretoria colegiada. Em um ato contínuo, eles elegeram (com apenas 1 voto contrário e 1 abstenção) uma nova gestão, provisória, para conduzir a entidade até o final do ano.
A jornada até a AGE foi digna de uma novela. Tudo começou com a publicação de um edital de convocação assinado por mais de 310 auditores, um ato de força e união da base.
Em uma tentativa de última hora para tentar impedir a assembleia, a diretoria afastada ingressou com uma ação judicial e, na manhã de quarta-feira (4), conseguiu uma liminar que suspendia o encontro.
De acordo com o grupo Paridade, o que poderia ter sido um balde de água fria transformou-se em combustível para a mobilização.
Em uma reviravolta digna de cinema, no final da noite de quarta e início da madrugada desta quinta, o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região cassou a liminar, garantindo o direito da categoria de se reunir e decidir seu próprio destino.
"O clima na assembleia desta quinta foi de alívio, união e esperança renovada. A antiga diretoria, em uma última e frustrada tentativa de inviabilizar o encontro, havia liberado os funcionários do expediente", relataram, em informe ao site Jamildo.com.
"...mas a categoria compareceu em peso, alugou 400 cadeiras e 8 climatizadores, comprou água, café, refrigerantes, frutas, biscoitos e bolachas, garantindo as mínimas condições, negadas pela diretoria anterior, para uma decente e tranquila realização de assembleia".
Com a presença de um escrevente de cartório para registrar todos os atos em uma ata notarial, os filiados deliberaram, primeiramente, pela destituição da diretoria, alegando que haviam perdido a confiança.
Logo em seguida, uma única chapa, encabeçada pelo auditor Nilo Otaviano, foi apresentada para assumir a gestão provisória, eleita por quase unanimidade e empossada imediatamente.
O novo presidente, Nilo Otaviano, declarou-se emocionado com o apoio e a confiança da categoria e disse que só aceitou o desafio - mesmo com tantos compromissos e projetos na área cultural, em especial ligados à comunidade dos fazedores do Frevo – em respeito aos pedidos de inúmeros amigos, da ativa e aposentados, que ligaram e mandaram mensagens diariamente.
Nilo Otaviano, depois de saudar o esforço coletivo, apontou os próximos passos.
"Quero saudar a coragem, a resiliência e a perseverança incríveis de cada colega do Grupo PARIDADE e de todos os Auditores Fiscais e Julgadores Administrativo-Tributários, ativos, aposentados e pensionistas, que se uniram a nós. Foram mais de seis meses de uma luta incansável pela dignidade da nossa categoria. Hoje, comemoramos uma vitória espetacular da democracia sindical, mas com os pés no chão".
"...Nós apenas 'tiramos a pedra do caminho'. A jornada de verdade começa agora: vamos buscar, com serenidade e firmeza, o diálogo com o Secretário da Fazenda e com a Governadora Raquel Lyra para reabrir as negociações e recuperar os direitos que nos foram tirados no ano passado. A união que nos trouxe até aqui será nossa maior força para os desafios que virão. A luta continua!"
De acordo com o grupo vitorioso, com a nova diretoria empossada, inicia-se um capítulo novo na história do Sindifisco, com a promessa de resgatar a paridade, a transparência e, principalmente, a união que sempre pautou a categoria fazendária.
A crise na entidade sindical foi coberta com exclusividade pelo site Jamildo.com.
O movimento tem o apoio de quatro ex-secretários da Fazenda (Maria José Briano, Admaldo Matos de Assis, Décio Padilha e Djalmo Leão).
"Além do apoio de todos os ex-secretários executivos da Receita Estadual, bem como os do Tesouro Estadual. Apoio de 90% dos aposentados e pensionistas e de 75% do pessoal ativa", diz o grupo Paridade.
A diretoria destituída deve recorrer da decisão do presidente do TRT, via agravo regimental.
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