Crédito do Trabalhador alcança R$ 50 bilhões em contratos, mas problemas operacionais limitam a expansão do mercado de R$ 120 bilhões, afirma especialista
por Ana Luiza Melo
Publicado em 09/12/2025, às 15h24 - Atualizado às 15h37
O programa "Crédito do Trabalhador", conhecido como consignado CLT, lançado em março de 2025, já movimenta cifras bilionárias, mas enfrenta obstáculos estruturais que limitam a sua expansão, na avaliação do economista Rafael Seixas, uma das principais referências nacionais em crédito consignado. A iniciativa é do Ministério do Trabalho e Emprego, do Governo Federal.
O produto, que possui um potencial de mercado estimado em R$ 120 bilhões, soma R$ 37 bilhões em contratos migrados e cerca de R$ 13,6 bilhões em novos créditos entre março e julho de 2025.
Seixas, que atua em nome da Konsi, avalia que, embora a demanda seja real e consistente, a maturidade operacional ainda é incipiente.
Ele aponta falhas nos processos de averbação e repasse, além da não operacionalização da garantia da multa rescisória do FGTS, como os principais fatores que aumentam o risco percebido pelas instituições e elevam artificialmente a inadimplência.
O economista detalha os problemas que impactam a operação do crédito:
O resultado direto desses gargalos é o aumento da percepção de risco por parte dos bancos. Embora 122 instituições estejam habilitadas para operar o consignado CLT, apenas 79 concederam crédito efetivamente.
Apesar dos problemas atuais, Seixas projeta um futuro otimista para o produto.
Ele estima que a resolução desses dois gargalos é fundamental para a expansão exponencial do consignado CLT, que deverá atingir uma maturidade próxima à do consignado INSS até o final de 2026, com toda a esteira de produtos (novo crédito, refinanciamento e portabilidade) funcionando plenamente.
Para que o setor se aproxime do potencial de R$ 120 bilhões, será essencial a atuação coordenada entre governo, Dataprev e Caixa Econômica Federal.
A Konsi atua ativamente no mercado, buscando organizar e simplificar a jornada de comparação de crédito.
A plataforma, que já atendeu mais de 1 milhão de usuários, oferece a comparação de ofertas de mais de 20 instituições financeiras parceiras, focando em clareza, agilidade e transparência na tomada de decisão.
O economista reforça que o diferencial do Crédito do Trabalhador é a funcionalidade de comparação de ofertas pela Carteira de Trabalho Digital (CTPS digital). No entanto, o desafio é fazer com que o trabalhador compreenda plenamente o CET (Custo Efetivo Total), prazos e condições.
Nesse sentido, Seixas aponta o papel de plataformas privadas como a Konsi: "Nossa visão é que educação financeira e transparência são tão importantes quanto a taxa de juros oferecida".
Leia também