Reclamação contra prefeito interino de Goiana partiu de vereadores da oposição na cidade. Município terá eleições para prefeito ainda em 2025
por Jamildo Melo
Publicado em 24/02/2025, às 09h14
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) decidiu emitir um alerta de responsabilização ao prefeito interino de Goiana, Luiz Eduardo Souza dos Santos, após o gestor editar um decreto, alegando situação de emergência administrativa no Município.
A reclamação partiu de quatro vereadores de oposição, que alegaram que o decreto de emergência foi "editado sem fundamento fático legítimo, e que estaria sendo utilizado para justificar contratações emergenciais irregulares, contrariando os princípios da legalidade e da moralidade administrativa".
"Apesar da alegada emergência administrativa, o prefeito interino teria anunciado um evento festivo de grande porte, o Festival de Verão de Goiana 2025, com previsão de mais de 100 atrações musicais e um gasto estimado em R$ 30 milhões, o que indicaria contradição entre o estado de emergência declarado e as despesas realizadas", reclamaram os vereadores.
Ao analisarem a reclamação, os auditores do TCE apontaram elementos contraditórios no decreto de emergência do prefeito interino.
"Embora a ausência de transição de governo possa justificar medidas administrativas excepcionais, os elementos apresentados pela Prefeitura não demonstram, de forma inequívoca, a necessidade de um decreto abrangente de emergência. A realização de um evento de grande porte, como o Festival de Verão, com altos custos, contradiz a alegada necessidade urgente de priorizar a continuidade dos serviços públicos essenciais", concluiu o parecer técnico do TCE.
O processo foi analisado pelo conselheiro Rodrigo Novaes, relator do processo.
O conselheiro decidiu emitir um alerta "aos gestores da Prefeitura Municipal de Goiana acerca de possível responsabilização pela utilização indevida do Decreto de Emergência Administrativa 003/2025, na hipótese da ausência de fundamentação legal ou de inexistência de suporte fático para sua edição, conforme as normas de regência e os princípios que regem a administração pública".
A decisão de emitir o alerta para a Prefeitura foi assinada em 21 de fevereiro, conforme apurou o site Jamildo.com.
A cidade de Goiana, sede da fábrica da Jeep, está sendo gerida por um prefeito interino, eleito presidente da Câmara de Vereadores, após a Justiça Eleitoral anular a eleição realizada em 2024.
Eduardo Honório (União Brasil) foi o candidato a prefeito mais votado em 2024.
No entanto, ele não pode tomar posse, porque disputou o pleito com a candidatura "sub judice" e a chapa foi cassada pela Justiça Eleitoral.
Segundo decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando era vice-prefeito, Eduardo Honório assumiu reiteradamente a Prefeitura em razão do afastamento do prefeito por motivos de saúde.
Posteriormente, foi eleito prefeito em 2020 e reeleito nem 2024.
Segundo o relator no TSE, ministro Antonio Carlos Ferreira, Eduardo ter ocupado interinamente o cargo de prefeito nos 6 meses que antecederam as eleições de 2020 configurou exercício do mandato.
Isto caracterizou a reeleição em 2024 como um terceiro mandato consecutivo, o que é vedado pela Constituição Federal, segundo o TSE.
Agora, a cidade aguarda o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Pernambuco marcar a data da nova eleição.