Cynara Maíra | Publicado em 12/06/2025, às 06h52 - Atualizado às 08h21
Pela primeira vez desde que assumiu a Prefeitura do Recife, em 2021, João Campos (PSB) não participará da abertura oficial do São João da capital.
Nesta quarta-feira (12), o prefeito cumpre agenda política em Petrolina, no Sertão do estado, onde participa da abertura dos festejos juninos ao lado de aliados e nomes da política nacional.
A visita ocorre em um momento de ampliação das movimentações de Campos pelo interior de Pernambuco.
Na programação, além da participação na festa, ele acompanha a apresentação do projeto da hidrovia do Rio São Francisco, ao lado do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), no auditório da Fundação Nilo Coelho.
O encontro ocorre às 10h e discute medidas para fortalecer a infraestrutura logística e o escoamento da produção agrícola da região.
À tarde, João terá uma reunião reservada com lideranças políticas no Hotel Nobile, no bairro Atrás da Banca, para articular apoios regionais. À noite, participa da abertura oficial do São João de Petrolina, no Pátio Ana das Carrancas, acompanhado da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), com quem mantém relacionamento.
A movimentação acontece em meio a especulações sobre a eleição estadual de 2026. Campos aparece como possível pré-candidato ao Governo de Pernambuco e tem buscado ampliar sua presença fora da Região Metropolitana, onde venceu com ampla vantagem as eleições de 2024, com cerca de 78% dos votos válidos.
O gesto de prestigiar o São João de Petrolina, comandado pelo grupo Coelho, tem simbolismo político.
O município é governado por Simão Durando (União Brasil), ex-vice-prefeito de Miguel Coelho, aliado de Campos e presidente estadual do UB.
Simão tem feito campanha ativa de valorização do ciclo junino local. A presença do prefeito do Recife também é vista como estratégia para reforçar laços com Miguel, que pleiteia uma das vagas ao Senado na chapa de João Campos, ao lado de Silvio Costa Filho e Marília Arraes (Solidariedade), também confirmados na festa.
O entorno político do evento terá nomes regionais e nacionais.
São esperadas as presenças do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e do presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda. A Família Coelho também comparecerá no reduto eleitoral.
Internamente, a ida de João Campos ao Sertão tem relação com o objetivo do socialista de garantir a adesão do União Brasil à sua futura composição, apesar de dissidências como as de Mendonça Filho e da deputada estadual Socorro Pimentel, atual líder do governo Raquel Lyra (PSD) na Alepe.
Com a federação União Progressista (União Brasil + PP), a disputa entre Raquel e João se torna mais sensível. O União Brasil está oficialmente com o PSB, e o PP de Eduardo da Fonte com a governadora. O gesto de João em fortalecer o elo com Miguel Coelho é, nesse cenário, também um movimento preventivo para conter a perda de apoios no interior.
Do lado governista, Raquel, que tem base forte no interior e já administrou Caruaru, tem forte presença nessas regiões desde o início do mandato, o que faz com que agora a governadora tente ampliar a avaliação na RMR, enquanto João articula para se capilarizar em outras regiões.
Enquanto Campos costura apoios a mais de 700 km da capital, a abertura oficial do São João do Recife será comandada por auxiliares da gestão, como seu vice e talvez sucessor, Victor Marques (PCdoB).
A ausência no início da festa junina da cidade representa o período de transição entre prefeito e candidato: menos restrita à capital, e cada vez mais voltada à construção de uma candidatura estadual com capilaridade regional.
Apesar da mobilização e da ausência, articuladores do PSB já afirmaram ao Jamildo.com que João continuará mantendo a presença no Recife, para evitar comentários de que estaria abandonando a cidade pela qual se elegeu. Grande parte das articulações regionais devem ser iniciadas por nomes do partidos.
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