Fala de Kassab dificulta ainda mais chance de Lula e PT no palanque de Raquel Lyra em 2026

Cynara Maíra | Publicado em 07/11/2025, às 09h52 - Atualizado às 11h04

Raquel Lyra pode ter dificuldade de se aproximar de Lula com postura nacional do PSD de Kassab - Flávio Japa- Reprodução Instagram Evaldo Bezerra
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O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, sinalizou um distanciamento do governo federal ao listar, na quinta-feira (6), três nomes como alternativas do partido para a disputa presidencial de 2026, excluindo o presidente Lula (PT)

A fala de Kassab nesta  citou Tarcísio (Republicanos), Ratinho Jr. (PSD) e Eduardo Leite (PSD). Leite deixou o PSDB para viabilizar sua candidatura presidencial, mas Kassab indicou que o governador paranaense (Ratinho Jr.) teria a preferência na "fila" do partido.

A declaração de Kassab impacta diretamente o cenário de Pernambuco, dificultando uma das possíveis articulações da governadora Raquel Lyra (PSD), que busca o apoio do PT para sua reeleição. A governadora migrou do PSDB para o PSD em março, um movimento incentivado por petistas nacionais e locais, justamente para se aproximar do governo federal.

O movimento de Kassab ocorre apesar de o PSD ocupar três ministérios na Esplanada de Lula, incluindo o do pernambucano André de Paula (Pesca). O distanciamento beneficia o prefeito do Recife, João Campos (PSB), provável adversário de Raquel, que trabalha para consolidar um palanque único para Lula no estado.

Disputa de Raquel e João pelo palanque de Lula em 2026

A disputa pelo apoio de Lula em Pernambuco é um dos impasses para 2026. Raquel Lyra tenta se aproximar do campo lulista, mas a sinalização de Kassab por uma candidatura própria de centro-direita do PSD a coloca em risco de perder seu eleitorado mais conservador no interior.

Enquanto isso, João Campos  se movimenta para barrar qualquer chance de um "palanque duplo". O prefeito tem reforçado seu alinhamento com o presidente. Em agosto, durante o 17º Encontro Nacional do PT, Campos destacou publicamente o papel do senador Humberto Costa (PT).

O gesto foi estratégico, pois a reeleição de Humberto ao Senado é a prioridade do PT local e o apoio petista a João Campos seria condicionado à garantia da vaga de Humberto na chapa majoritária. O ministro Silvio Costa Filho (Republicanos), que também está no governo Lula, já defendeu publicamente uma chapa com Campos, ele e Humberto.

O presidente estadual da sigla, Carlos Veras, afirmou nesta semana que Carlos Veras critica Raquel Lyra por se distanciar de Lula e pede reaproximação com o governo federal, cobrando uma posição mais direta de apoio a Lula. 

"Sei que parte da base dela [...] não gosta do presidente Lula, mas essa não é a questão. Agora é hora de governar Pernambuco", disse Veras, defendendo que ela "ajude a reeleger Lula", disse. 

A visita em questão ocorreu em agosto, para a entrega de títulos de regularização fundiária em Brasília Teimosa. Na ocasião, Raquel Lyra cumpria agenda no interior, em Petrolina e Ouricuri.

João Campos aproveitou a ausência da adversária para se colocar como o principal aliado de Lula. "Onde o senhor estiver no meu estado e na minha cidade, eu estarei ao seu lado [...]. Eu sou um soldado do senhor", disse Campos, lembrando que seu pai, Eduardo Campos, "recebeu o presidente Lula todas as oito vezes" que ele veio a Pernambuco como governador.

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