Cynara Maíra | Publicado em 18/07/2025, às 07h50 - Atualizado às 08h45
O senador Humberto Costa (PT) participou, na quinta-feira (17), da inauguração da nova Unidade de Saúde da Família Mais (USF+) Comunidade do Bem, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife.
O evento, liderado pelo prefeito João Campos (PSB), marca uma maior aproximação entre os dois políticos em meio às indefinições do Partido dos Trabalhadores sobre a eleição estadual de 2026.
Há ao menos quatro políticos que podem participar da chapa do socialista para o Senado, o que tem causado fortes demonstrações de alianças por parte de Silvio Costa Filho (Republicanos), Miguel Coelho (União Brasil) e Marília Arraes (Solidariedade). Com esse cenário, Humberto tenta maior mobilização.
O equipamento entregue integra o programa ProMorar, com investimento de R$ 10,2 milhões, e deve beneficiar mais de 10 mil moradores da região. Ao lado da USF+, a Prefeitura também inaugurou um novo Centro TEA/NDI, voltado ao atendimento de pessoas com deficiência, inclusive com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Embora Humberto tenha mantido ao longo dos últimos anos uma relação institucional com João Campos, sua presença em agendas da gestão municipal vinha sendo menos frequente.
No cenário eleitoral, o petista tem evitado confirmar qualquer aliança para o próximo ano, enquanto o PSB se movimenta para viabilizar a reeleição do prefeito e montar uma chapa ao Senado com nomes de peso.
Durante entrevista ao podcast PodJá, Humberto reconheceu que a eleição de 2026 tende a ser polarizada. "João Campos tem uma imagem muito consolidada junto à população. É muito admirado e, por ser filho de Eduardo Campos, estabelece uma ponte direta com o eleitorado", afirmou o senador, sinalizando o potencial eleitoral do prefeito, mas sem cravar apoio antecipado.
Na mesma entrevista, o senador ainda teceu elogios para Raquel e disse considerar que a governadora chegará competitiva na disputa.
A fala mostra ainda o impasse que o PT vive no estado. Recém-empossado como presidente da legenda em Pernambuco e aliado de Humberto, o deputado federal Carlos Veras (PT) ainda não definiu a posição do partido sobre a disputa ao Governo do Estado.
Veras tem defendido que qualquer candidato que apoie Lula pode ser acolhido, inclusive a governadora Raquel Lyra, que aparece como principal adversária de João Campos.
No Recife, o vereador Osmar Ricardo, aliado da senadora Teresa Leitão e novo presidente do PT municipal, é um dos entusiastas da aliança com o PSB. Nas eleições internas deste ano, ele superou o ex-vereador Jairo Brito, apoiado por Humberto Costa, e tem atuado pela manutenção da aliança com João Campos.
A movimentação de Humberto ocorre enquanto outros nomes da base de Lula já articulam suas pré-candidaturas ao Senado. Miguel Coelho (União Brasil) tem investido nas redes sociais e reforçado a pré-campanha, com apoio da cúpula nacional do partido.
Já Silvio Costa Filho conta com a força do ministério e interlocução direta com o Planalto. Marília Arraes (Solidariedade) também permanece como opção no grupo lulista pelo recall da eleição de 2022, todos tem ampliado agendas com João.
A definição sobre o posicionamento do PT em Pernambuco deve ocorrer até o fim do ano, após o diagnóstico nacional que vem sendo conduzido pelo partido. Enquanto isso, cresce nos bastidores a possibilidade de um palanque duplo, nos moldes do que ocorreu em 2006, quando Lula dividiu seu apoio entre Eduardo Campos e Humberto Costa.
A presença do senador na inauguração da gestão João Campos reacende especulações sobre uma eventual composição entre os dois. No entanto, Humberto mantém cautela. "Não tive oportunidade ainda de conversar com o presidente sobre esse tema", disse ele ao PodJá. A expectativa é de que as conversas se intensifiquem no segundo semestre.
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