“Tomara que você seja deportado”: Novo livro de Jamil Chade retrata crise dos EUA sob segundo mandato de Trump

Em Tomara que você seja deportado, o jornalista Jamil Chade percorre 15 estados americanos e narra retrocessos sociais e políticos sob governo Trump

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 17/07/2025, às 18h00 - Atualizado às 18h24

LIVRO "TOMARA QUE VOCÊ SEJA DEPORTADO" DO JORNALISTA JAMIL CHADE - JORNALISTA JAMIL CHADE
LIVRO "TOMARA QUE VOCÊ SEJA DEPORTADO" DO JORNALISTA JAMIL CHADE - JORNALISTA JAMIL CHADE

O jornalista Jamil Chade lança Tomara que você seja deportado: Uma viagem pela distopia americana, obra que reúne crônicas e reflexões sobre o enfraquecimento da democracia nos Estados Unidos durante o segundo mandato de Donald Trump. O livro é fruto de uma longa viagem feita pelo autor por quinze estados norte-americanos, entre 2024 e 2025, passando por grandes centros urbanos e regiões fronteiriças, como Manhattan e cidades do México.

A narrativa se desenvolve a partir de um olhar jornalístico e pessoal. Radicado em Nova York, Chade acompanhou in loco os desdobramentos da política migratória e os efeitos sociais das decisões do governo Trump, especialmente sobre imigrantes, minorias e instituições democráticas. “Poucos países estão passando por um processo tão acelerado de erosão da sua democracia e de seu tecido social quanto os Estados Unidos”, destaca a apresentação do livro.

O prefácio é assinado pelo cineasta Walter Salles, que enxerga na obra uma combinação entre jornalismo investigativo e ensaio crítico. “Chade realiza não somente um extraordinário trabalho jornalístico, mas também um ensaio de grande lucidez sobre como podem sucumbir as democracias”, escreve.

Um retrato das tensões americanas

O título do livro — Tomara que você seja deportado — é uma frase real ouvida pelo autor em uma das reportagens que compõem a obra. A expressão sintetiza a atmosfera de medo e perseguição enfrentada por estrangeiros no país. O texto apresenta relatos de deportados, defensores de direitos humanos, famílias ameaçadas e comunidades afetadas por discursos de intolerância.

Além da política migratória, Chade também aborda outros campos em que houve retrocessos, como os direitos das pessoas LGBTQIAPN+ e o acesso à educação pública. A crítica à ofensiva ideológica do governo Trump aparece lado a lado com a observação de como tais medidas repercutem no cotidiano da população.

O livro também dialoga com obras históricas como It Can’t Happen Here, de Sinclair Lewis, que na década de 1930 já alertava sobre os riscos da ascensão de governos autoritários em democracias consolidadas.

Viagem de norte a sul dos EUA

Com 256 páginas, o livro lançado pela Editora Nós reúne relatos que conectam diferentes pontos do território americano a partir de experiências reais. “Chade se torna um sismógrafo desse processo”, escreve Walter Salles, ao comentar o papel do autor em captar os abalos da política nos Estados Unidos.

Jamil Chade já cobriu guerras, crises migratórias, eventos diplomáticos e é um nome conhecido por seu trabalho em defesa dos direitos humanos. É autor de nove livros, três deles finalistas do prêmio Jabuti, e atua como correspondente internacional com base na sede da ONU em Genebra.