A expressão colocar o pé na porta é usada para indicar uma ação assertiva, geralmente tomada para se manter numa posição, mesmo diante de resistência
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 13/07/2025, às 11h30 - Atualizado às 16h46
O senador Humberto Costa (PT) foi o entrevistado da semana no PodJá - podcast do Jamildo, e abordou temas que dominaram o noticiário na última semana. Entre eles, o embate recente entre o governo Lula e o Congresso Nacional, a estratégia de oposição da extrema direita e o debate sobre taxação de grandes fortunas. O episódio completo está disponível no canal do YouTube no Jamildo Melo Oficial.
O ex-ministro da Saúde ressaltou a habilidade de articulação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mesmo diante da ausência de uma base majoritária no Legislativo - Lula tem cerca de 100 deputados entre os 513 parlamentares.
“O presidente Lula é um artista, porque ele tenta compensar e consegue a falta de maioria política, tanto na Câmara quanto no Senado, na capacidade de negociação que ele tem, de estabelecer relações também. Agora, ele também colocou o pé na porta, estava precisando de fazer isso”, afirmou.
Humberto avaliou que o recente episódio envolvendo a derrubada do veto presidencial ao projeto do IOF foi interpretado por parte do Centrão como um momento oportuno para enfraquecer o governo.
“A forma como a extrema direita faz oposição ao governo é o tempo inteiro parte de um processo eleitoral. (...) Muita gente se colocou na condição de ‘agora é campanha pura’. Mas eu acho que a legitimidade que o presidente Lula tem vai fazer com que eles pensem duas vezes antes de querer levar o processo para esse nível”, disse.
O senador evitou responsabilizar diretamente o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pela crise.
“Ele foi solidário com o Hugo Motta, mas ele não encabeçou nem instigou esse processo”, explicou. Humberto também relembrou que Alcolumbre havia assumido compromissos com o governo que, até então, estão sendo cumpridos.
Ao comentar a mobilização em torno da taxação dos super-ricos, Humberto destacou a coerência entre a postura do PT e os compromissos assumidos ainda na campanha.
“O presidente Lula assumiu um compromisso de que iria colocar os pobres no orçamento e os ricos no imposto de renda. Então ninguém está fazendo nenhuma revolução”, afirmou.
O senador defendeu que o debate sobre justiça fiscal deve ser encarado de forma transparente. “Quem tem mais pode pagar um pouco mais, principalmente se não paga nada. A grande verdade é essa: quem ganha muito dinheiro no Brasil não paga imposto”, disse.
Ele reforçou que a proposta do governo também inclui alívio para a classe média. “Tem uma parcela da classe média que vai ser beneficiada com a desoneração do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 e entre R$ 5.000 e R$ 7.000, com uma diminuição.”
Em conversa no PodJá, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP), afirmou que a votação do Imposto de Renda deve acontecer em agosto, na volta do recesso parlamentar.
Humberto também relacionou a tensão política recente com o aumento do número de deputados federais, aprovado no mesmo dia da derrubada do veto ao IOF. Para ele, o episódio contribuiu para ampliar o desgaste da imagem do Legislativo. “No momento em que a imagem do Congresso já não é boa, foi aprovado o aumento do número de deputados”, concluiu.
Uma pesquisa Quaest revelou que o governo venceu pela primeira vez nas redes sociais, ambiente em que a oposição é majoritária e dominante. A disputa aconteceu com o uso da inteligência artificial simulando conversas e debates. Uma das imagens mais compartilhadas é um homem trabalhador segurando um fardo maior, enquanto um homem rico segura um saco pequeno na mão.
O senador Humberto Costa comentou o episódio, que teve início em contas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, mas diversas outras contas vinculadas à esquerda compartilharam. “Tudo que o PT postou foi assinado pelo PT. O que nós fizemos foi reafirmar o nosso posicionamento que veio da campanha eleitoral”, defendeu.