Cynara Maíra | Publicado em 21/04/2025, às 08h00
A deputada estadual Dani Portela (PSOL) confirmou, nesta semana, que não foi convidada para participar das inserções do partido exibidas em cadeia estadual.
O episódio, interpretado nos bastidores como mais um capítulo do distanciamento entre a parlamentar e a direção do PSOL em Pernambuco, ocorre em meio a articulações para sua possível migração ao Partido dos Trabalhadores (PT).
“Confirmo que não fui convidada a participar. No entanto, reforço que não há qualquer mudança com relação à minha situação no partido. Sigo com foco redobrado nas ações da mandata e na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Alepe”, afirmou a parlamentar para Folha de Pernambuco, ao ser questionada sobre o tema.
Dani Portela tem mantido sua atuação formal dentro do PSOL, mas aliados próximos reconhecem que a relação com a cúpula estadual da legenda está desgastada.
Desde as eleições municipais de 2024, divergências internas e disputas sobre o controle de recursos do Fundo Partidário marcaram o ambiente político do partido.
Uma dessas divergências resultou na desfiliação de três quadros ligados à deputada, incluindo seu companheiro e advogado Jesualdo Campos, um dos fundadores da sigla no estado.
Nos bastidores, o grupo político que acompanha Dani já tem atuado em aliança com o PT em diversas frentes, especialmente em Olinda e no Recife.
A deputada foi uma das principais apoiadoras de Vini Castello (PT) no segundo turno da eleição olindense e mantém relações próximas com nomes influentes do partido, como o senador Humberto Costa e o deputado estadual João Paulo.
A avaliação entre aliados é de que a filiação ao PT deve ocorrer apenas durante a próxima janela partidária, em 2026, respeitando o prazo legal para troca de legenda sem risco de perda do mandato.
Segundo interlocutores, alguns membros da equipe de Dani já ingressaram formalmente no PT com o objetivo de expandir a base territorial e colaborar com o fortalecimento da legenda no estado.
O Jamildo.com apurou que as movimentações continuam no caminho de migração de Dani Portela do PSOL para o PT logo que inicie a janela partidária.
O movimento seria parte da estratégia petista para consolidar uma chapa estadual competitiva nas eleições de 2026.
A inclusão de Dani Portela, que tem forte atuação em direitos humanos e equidade racial e de gênero, seria vista como um reforço ao discurso progressista do partido.
A movimentação, no entanto, já provoca resistências internas. Petistas ligados à atual estrutura partidária demonstraram preocupação com a chegada de mais um nome competitivo à disputa proporcional.
Hoje, o partido conta com três deputados estaduais: João Paulo, Rosa Amorim e Doriel Barros. A entrada de Dani aumentaria a disputa interna por espaço, especialmente em um cenário sem garantias sobre a continuidade da federação com PCdoB e PV após 2026.
Após a saída de quadros ligados à deputada em 2024, a direção estadual do PSOL lamentou o afastamento dos nomes.
Em nota, o presidente estadual da sigla, Samuel Herculano, destacou que Dani sempre contou com apoio do campo majoritário da legenda desde 2018, incluindo em sua candidatura ao governo do estado e na disputa municipal de 2020. Ele também citou que a campanha de 2024 foi a que mais recebeu recursos do PSOL em Pernambuco.
“O PSOL é um partido de construção coletiva. Divergências fazem parte dos processos internos. É preciso construir na vitória ou na derrota e respeitar a decisão da maioria”, afirmou Herculano.
A direção nacional da legenda chegou a ser acionada para mediar a crise, mas, segundo fontes internas, não houve resposta formal às queixas apresentadas pelo grupo da deputada.
Dani Portela foi a deputada estadual mais votada do PSOL em 2022 e é vista como um dos principais quadros da esquerda em Pernambuco. Para as próximas eleições, os nomes mais cotados para representar o PSOL na Assembleia Legislativa são os da vereadora Jô Cavalcanti e do ex-vereador Ivan Moraes.
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