Papa Francisco faleceu na madrugada desta segunda (21), um dia após a celebração da Páscoa
por Cynara Maíra
Publicado em 21/04/2025, às 07h00
Na madrugada desta segunda-feira (21), faleceu o papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica.
As informações do Vaticano indicam que o papa morreu em sua residência oficial na Casa Santa Marta, a confirmação do falecimento foi feita pelo cardeal irlandês Kevin Farrell, atual camerlengo da Santa Sé.
Francisco já enfrentava há semanas um agravamento do quadro de saúde, após ser diagnosticado com pneumonia dupla.
Apesar da condição médica, o pontífice apareceu em público no último fim de semana para as celebrações da Semana Santa.
No sábado (19), esteve na Basílica de São Pedro e no domingo de Páscoa (20), voltou à Praça de São Pedro para fazer a tradicional bênção pascal aos fiéis.
Desde jovem, Francisco enfrentava problemas respiratórios e chegou a perder parte de um dos pulmões.
Em 2023, foi internado com bronquite grave e passou a usar cadeira de rodas devido a dores crônicas no joelho.
Em fevereiro de 2025, apresentou nova crise de bronquite e permaneceu cerca de 40 dias internado. O quadro se agravou, e o pontífice não resistiu às complicações.
Com a morte do pontífice, a Igreja Católica entra agora no período de Sé Vacante, em que o cargo de papa permanece vago até a realização do Conclave, quando será escolhido o novo líder da instituição.
Com a morte confirmada, será seguido o rito litúrgico previsto pela Igreja para chefes do Vaticano.
O corpo do papa será velado na Basílica de São Pedro, e o funeral deve ocorrer entre quatro e seis dias após o óbito.
A cerimônia será conduzida pelo camerlengo Kevin Farrell, que também é responsável por atestar formalmente a morte, selar o quarto do pontífice e destruir o anel do pescador — símbolo da autoridade papal.
A pedido do próprio Francisco, o caixão será de madeira simples, diferentemente das urnas triplas utilizadas em pontificados anteriores.
Ele também solicitou ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e não na Basílica de São Pedro, onde repousam a maioria dos pontífices.
Durante nove dias, serão celebradas missas consecutivas, tradição conhecida como novendiales, período de luto e oração pela alma do papa.
O Conclave que elegerá o novo líder da Igreja deve começar entre 15 e 20 dias após a morte.
O processo ocorre na Capela Sistina, onde os cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto — são 138 religiosos aptos, entre eles sete brasileiros.
Para ser eleito, um candidato precisa conquistar dois terços dos votos. As sessões são secretas e protegidas de qualquer comunicação com o mundo exterior.
Ao final do processo, o anúncio do novo papa é feito com a tradicional fumaça branca e a frase “Habemus Papam”, proferida da sacada da Basílica de São Pedro.
Durante a Sé Vacante, a administração do Vaticano fica a cargo do camerlengo, que responde pela gestão dos bens e do tesouro da Santa Sé.
A cúpula da Cúria Romana tem suas funções suspensas — apenas alguns postos continuam em exercício, como o Penitenciário-Mor, o Vigário-Geral da Diocese de Roma e o Esmoleiro Apostólico.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, filho de imigrantes italianos.
Formado inicialmente em química, ingressou no seminário aos 20 anos, tornando-se sacerdote em 1969. Na década seguinte, já atuava como reitor da Faculdade de São Miguel, antes de ser nomeado bispo auxiliar da capital argentina em 1992.
Seis anos depois, foi elevado ao posto de arcebispo de Buenos Aires. Em 2001, foi nomeado cardeal por João Paulo II, e, em 13 de março de 2013, sucedeu Bento XVI, tornando-se o primeiro papa latino-americano da história e adotando o nome Francisco, em referência a São Francisco de Assis.
Durante seu pontificado, liderou reformas internas na Cúria Romana e defendeu causas sociais, com forte ênfase em justiça climática, acolhimento aos migrantes e combate à fome.
Também teve papel ativo nos casos de abusos sexuais dentro da Igreja e buscou aproximar a instituição de temas considerados sensíveis, como inclusão LGBTQIA+ e modernização do papel da mulher.