Álvaro diz que cobranças de Raquel Lyra terão resposta; governadora evita assunto na Fenearte

Cynara Maíra | Publicado em 10/07/2025, às 07h45 - Atualizado às 08h48

Raquel Lyra e Álvaro Porto são adversários políticos - 📸 Divulgação
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O embate entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB) teve mais um capítulo na quarta-feira (09).

Em entrevista à Rádio Folha FM, Porto disse que as cobranças feitas pela chefe do Executivo estadual terão resposta direta da Alepe a partir de agora.

A verdade tem que vir a público. A partir de agora, nada vai ficar sem resposta. Porque isso é uma cobrança dos colegas e da sociedade. Agora, será uma resposta consciente, verdadeira. A gente não vai fabricar resposta”, afirmou o presidente da Alepe, ao comentar as recentes declarações da governadora, que tem criticado a demora da Assembleia em votar dois projetos de lei que tratam de empréstimos que somam R$ 3,2 bilhões.

Raquel evitou comentar o assunto durante a abertura da 25ª edição da Fenearte, no Centro de Convenções, em Olinda. A governadora, que compareceu à solenidade ao lado de aliados e representantes do setor cultural, não concedeu entrevistas sobre o impasse político.

Os projetos, travados nas comissões de Finanças e de Justiça, foram alvos de críticas públicas de Raquel durante eventos na Mata Norte e em Jaboatão dos Guararapes.

Sem citar diretamente o nome de Porto, ela disse que há quem “acha que quanto mais atrapalha, melhor, para o seu projeto político de poder” e cobrou celeridade da Alepe. Também tem instado prefeitos, reitores, gestores e representantes da sociedade civil a pressionarem os deputados.

Porto respondeu à declaração ao dizer que os entraves são causados pela própria gestão, que não consegue executar os valores já autorizados. Segundo ele, dos R$ 9,2 bilhões em empréstimos aprovados desde 2023 pela Alepe, apenas cerca de R$ 2,4 bilhões foram efetivamente liberados. “As obras não saem do papel porque a gestão não consegue rodar os projetos e entregar por pura incapacidade gerencial”, disparou.

Em Goiana, Raquel subiu o tom  ao dizer que: "deixaram a gente de lado, abandonaram Pernambuco. Esse tempo passou.Quem teve a oportunidade de fazer e não fez, não venha nos cobrar em dois anos aquilo que não fizeram em mais de década. E mais do que isso, não atrapalhem o desenvolvimento do nosso estado. Tem mais dinheiro para sair na Assembleia Legislativa. Vamos para cima, porque cada real sagrado do nosso povo é investido em mais esperança para a nossa gente". 

De aliados a adversários: a escalada do conflito entre Raquel e Álvaro

Raquel Lyra e Álvaro Porto já estiveram do mesmo lado. Ambos integravam o PSDB no início da atual legislatura e mantinham diálogo político regular.

A mudança começou com embates sobre o orçamento do estado e com o apoio do PSB ao nome de Porto para ser reeleito presidente da Assembleia.

No início de 2024, um áudio de Álvaro Porto ironizando um discurso de Raquel (“conversou merda demais”) durante a abertura do ano legislativo acirrou ainda mais o clima.

A governadora reagiu levando ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionamentos sobre trechos da LOA aprovada pela Alepe, formalizando o distanciamento político.

Com a mudança de Raquel Lyra para o PSD e Porto sendo colocado pelo diretório nacional como líder estadual do PSDB, no lugar de um aliado da governadora, conflito institucional ganhou novos capítulos com o pedido do Executivo para autorizar um novo empréstimo de R$ 1,5 bilhão.

O presidente da Comissão de Finanças da Alepe, deputado Antônio Coelho (UB), aliado do prefeito do Recife, alterou o projeto para condicionar parte dos recursos a repasses para prefeituras. A mudança travou o avanço da matéria, o que gerou protestos da base governista e reações da oposição.

Simultaneamente, a indicação de Virgílio Oliveira para o comando da administração de Fernando de Noronha foi ignorada pela Alepe.

Sem sabatina até agora, a governadora manobrou nomeando Virgílio como diretor-adjunto da ilha, o que dispensaria temporariamente o aval legislativo. A resposta da Alepe foi o silêncio. 

Raquel Lyra Álvaro Porto

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