Cynara Maíra | Publicado em 31/10/2025, às 08h10
Os metroviários de Pernambuco aprovaram, em assembleia geral na quinta-feira (30), a deflagração de uma greve por tempo indeterminado a partir da meia-noite do próximo domingo (2).
A decisão ocorre menos de uma semana após um incêndio atingir um trem da Linha Centro, no último sábado (25). O incidente, que não deixou feridos, levou à interdição parcial do ramal Camaragibe, que segue sem previsão de retorno. Para o sindicato, o fogo é um reflexo direto da precarização do sistema.
O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) cobra do Governo Federal a liberação imediata de recursos para manutenção e modernização da frota e critica o processo de concessão do equipamento à iniciativa privada.
A paralisação afetará toda a operação do Metrô do Recife, que transporta cerca de 170 mil passageiros diariamente.
A categoria alega que o sistema enfrenta um sucateamento crônico, operando com frota reduzida e falhas constantes.
Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2024 classificou a qualidade do serviço como "baixíssima", apontando que a receita do Metrô cobre apenas um quinto dos custos, o que leva à dependência de aportes federais.
Desde setembro de 2024, o sistema não opera aos domingos para manutenções.
Para o vice-presidente do Sindmetro-PE, Thiago Mendes, o sucateamento é uma "decisão política" para justificar a privatização. "A gente entende que essa movimentação que fizemos vai garantir que possamos apresentar o outro lado da história [...] privatizar não é a solução”, afirmou.
Os metroviários cobram o cumprimento da promessa de campanha do presidente Lula de que o Metrô do Recife não seria privatizado. O Governo Federal, no entanto, tem avançado nos planos de repassar a gestão à Raquel Lyra, que já sinalizou a intenção de conceder o equipamento à iniciativa privada, com leilão previsto para 2026.
O BNDES prevê um investimento de R$ 3,4 bilhões para a requalificação do sistema através da concessão.
"O presidente precisa nos ouvir e suspender qualquer processo de privatização, garantindo recursos e diálogo", declarou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE.
Enquanto os metroviários anunciam greve, o Governo Federal sinaliza investimentos para a mobilidade na RMR.
Um estudo do BNDES e do Ministério das Cidades, divulgado na quinta (30), prevê até R$ 14,8 bilhões para a requalificação do metrô (38km) e implantação de novos corredores de VLT e BRT (118km) na região.
O estudo, no entanto, também aponta para o uso de concessões e parcerias privadas como ferramenta para acelerar os investimentos.
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