Operação do MPPE mira policial militar suspeito de vazar informações e vender armas para o tráfico

Gaeco do MPPE cumpre 23 mandados em Pernambuco e no Piauí contra grupo que atuava no "atacado" das drogas e contava com agente público como informante

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 04/12/2025, às 08h19 - Atualizado às 08h31

Um homem e uma mulher em pé de costas. Farda do homem está escrito "Gaeco polícia", da mulher está escrito "Gaeco MPPE". Ao fundo viatura da polícia militar. Está escuro
Gaeco realizou operação no Agreste. Um policial militar é acusado de colaborar com organizações criminosas - Gaeco/MPPE

MPPE e Gaeco deflagraram operação contra tráfico de drogas e armas em Pernambuco e Piauí nesta quinta-feira (4).

Foram expedidos 23 mandados, com foco em Caruaru, Bezerros e Teresina.

Investigação apontou que um policial militar vazava informações sigilosas para alertar traficantes sobre operações.

O grupo atuava como "atacadista" de drogas e na manutenção e venda de armas de fogo.

Promotor Eduardo Aquino criticou a cooptação de agentes públicos; PMPE afirmou que não compactua com desvios.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta quinta-feira (4) uma operação para desarticular uma organização criminosa interestadual especializada em tráfico de drogas e comércio ilegal de armas.

A ação cumpre 23 mandados judiciais nas cidades de Caruaru e Bezerros, no Agreste pernambucano, e em Teresina, no Piauí. Desses, 11 são de prisão temporária e 12 de busca e apreensão.  

As investigações revelaram que o grupo operava como um distribuidor "atacadista" de entorpecentes, coordenando o abastecimento de pontos de venda na região. Além do tráfico, a quadrilha mantinha um fluxo de compra, venda e manutenção de armamentos e munições.

Durante a apuração do grupo, descobriu-se que um policial militar atuava como informante da organização. O agente vazava dados sigilosos de operações policiais para alertar os líderes do tráfico sobre ações de inteligência em andamento, para frustrar o trabalho das forças de segurança.

O promotor de Justiça Eduardo Aquino, do Gaeco Agreste, falou sobre a gravidade da participação de agentes públicos no esquema.

"Infelizmente, tínhamos a situação de policiais militares vendendo armas e vazando informações sigilosas para o tráfico, pondo em risco a vida dos colegas de farda e do cidadão", afirmou Aquino.

Após saber do ocorrido, o comandante-geral da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Ivanildo Torres, afirmou que a corporação "não compactua com desvios de conduta" e que colaborará com as investigações, com base na legalidade.

Infiltração e venda de armas por agentes

Os crimes investigados incluem organização criminosa, tráfico de drogas, comércio e porte ilegal de arma de fogo, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. Somadas, as penas podem ultrapassar 50 anos de reclusão.

O delegado-geral da Polícia Civil, Felipe Monteiro, falou sobre a necessidade de integração entre as forças. "Esse trabalho exige inteligência... O Gaeco simboliza exatamente essa força-tarefa contínua", disse.

A operação contou com o apoio do Gaeco do Piauí, das Polícias Civil, Militar e Penal, além da Secretaria de Administração Penitenciária. O MPPE deve detalhar o saldo das apreensões em coletiva de imprensa na sede das Promotorias de Justiça de Caruaru.