Nova presidente do Superior Tribunal Militar diz ser precipitado falar de anistia ao 8 de Janeiro

A primeira mulher a presidir o STM, Maria Elizabeth Rocha, afirma que discutir anistia ao 8 de janeiro é precipitado antes de julgamentos

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 01/03/2025, às 16h41 - Atualizado às 17h00

“É o poder civil que deve comandar o militar, e não o contrário”, disse a magistrada sobre anistia ao 8 de janeiro - Cnn Brail
“É o poder civil que deve comandar o militar, e não o contrário”, disse a magistrada sobre anistia ao 8 de janeiro - Cnn Brail

A primeira presidente mulher do STM (Superior Tribunal Militar), Maria Elizabeth Rocha, disse ser “precipitado falar em anistia pelo 8 de Janeiro”.

A declaração foi feita em entrevista aos jornalistas Luísa Martins e Teo Cury, no CNN Entrevistas desta semana, que será veiculado neste sábado (1), às 21h, na CNN Brasil (cnnbrasil.com.br).

“Acho que algumas penas foram muito elevadas e era importante fazer a distinção das condutas dos agentes. Mas falar em anistia quando nem todos os denunciados ainda foram julgados me parece algo estranho”, afirmou a magistrada, eleita para a presidência do STM em 2024.

“E o Congresso pode tudo, o presidente pode inclusive indultar se quiser”.

A juíza também disse que as Forças Armadas foram “usadas” por Bolsonaro, que optou por nomes de confiança egressos da caserna por não ter uma base de apoio sólida na classe política ao chegar no cargo, em 2019.

“Para além daquele velho pensamento que permeia nossa historiografia, de que os militares são sempre garantidores, a lógica deveria ser inversa. O poder civil é que deve comandar o militar”, enfatizou. A chefe do Supremo dos militares também avaliou que a credibilidade das Forças acabou “solapada por causa de um chefe de Estado que acabou se perdendo na condução do governo”.

Rocha disse desaprovar a atuação de militares da ativa na política, pois, “quando a política entra nos quartéis, a hierarquia e a disciplina saem”.

O 8 de janeiro de 2023 foi marcado por um ataque significativo em Brasília, quando manifestantes invadiram e vandalizaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Esses atos foram realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que alegavam fraude eleitoral após sua derrota nas eleições de 2022.

Os manifestantes, que se autodenominavam patriotas, causaram destruição significativa aos prédios públicos, incluindo a quebra de vidraças, móveis, obras de arte e documentos. O ataque resultou em prisões em massa e na intervenção federal na segurança do Distrito Federal. Conforme já reportou o site Jamildo.com, pesquisa mostrou que maioria da população é contra a anistia.