Lula direciona discurso aos homens em campanha pelo fim da violência contra as mulheres

Em Suape, Lula faz campanha contra violência de gênero, critica desigualdade no acesso à Justiça e cita casos recentes que chocaram o País

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 02/12/2025, às 17h01

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Presidente lança campanha nacional de conscientização contra violência de gênero.

Discursos citam casos recentes de agressões com forte repercussão.

Lula critica desigualdade entre réus pobres e ricos no sistema penal.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (2), em Suape, que pretende liderar uma campanha nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres, com foco na participação dos homens. 

A declaração foi feita durante o lançamento do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em seu primeiro compromisso em Pernambuco. Ainda hoje, o presidente inaugura a Barragem Panelas II, em Cupira.

No discurso, Lula citou episódios recentes que ganharam repercussão nacional e classificou como urgente a mobilização da sociedade. “A gente não mora com alguém para ser violento. Nesta semana teve um cara que pegou duas pistolas e descarregou contra a mulher. Outro que matou a mulher grávida com três filhos. Teve outro que arrastou por três quilômetros. Essa mulher vai sobreviver com as suas pernas amputadas”, afirmou. “Essa não é uma tarefa só da escola, é nossa, dos homens”, continuou o presidente.

É preciso que haja um movimento nacional dos homens contra os ‘animais’ que batem, judiam e maltratam as mulheres, que estupram filhas. Hoje o Rui Costa me mostrou, uma menina de dois anos foi estuprada pelo amante da avó. Uma criança de dois anos estuprada. E ainda bateu nela. Que pena merece um desgraçado desses? Até a morte é suave”, afirmou.

Lula disse que sua esposa, Janja da Silva, chorou várias vezes nos últimos dias por causa de reportagens que mostraram assassinatos e agressões contra mulheres no País nas últimas semanas. Afirmou que Janja pediu que ele “assuma a responsabilidade de uma luta mais dura contra a violência do homem contra a mulher no planeta Terra”. Questionou: “O que está acontecendo na cabeça do ser humano para tanta violência?

Se o cara tiver dinheiro, como aquele ficou dando 50 socos na cara da mulher dentro do elevador, ele fica dois anos preso e vai para a rua bater em outra mulher. E um pobre desgraçado que rouba um pão em uma padaria para comer é preso e não tem advogado para defendê-lo, um juiz para liberá-lo”, disse.

Em seguida, ele questionou a efetividade das punições previstas na legislação penal e criticou desigualdades no acesso à Justiça. “A pergunta que eu faço é o seguinte: o Código Penal brasileiro tem pena pra fazer justiça a um animal irracional como esse?”, disse, ao comparar casos graves de violência doméstica à discrepância no tratamento a réus pobres.

Segundo Lula, “quem tem dinheiro consegue sair mais cedo da cadeia, enquanto um pobre que pega um pão para matar a fome não tem dinheiro para pagar advogado”, finalizou.