Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata lideram ranking; Estado firmou parceria com a ONU e aposta em reforço policial para conter violência
por Cynara Maíra
Publicado em 25/07/2025, às 08h52 - Atualizado às 09h54
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 apontou que duas das seis cidades mais violentas do Brasil estão em Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, com taxa de 73,3 homicídios por 100 mil habitantes, e São Lourenço da Mata, com 73.
Os dados foram divulgados nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e indicam que o problema da violência urbana no Nordeste é um dos mais alarmantes.
No ranking das 20 cidades mais violentas do país, 16 são por municípios nordestinos. Os destaques vão para Bahia, com oito cidades e o Ceará cinco. No topo da lista está Maranguape (CE), com uma taxa de 79,9 homicídios por 100 mil habitantes.
Já no recorte por estado, Pernambuco aparece como o 4º mais violento, com taxa de 36,2 mortes por 100 mil habitantes em 2024, atrás de Amapá, Bahia e Ceará. Apesar da posição, o levantamento indica queda de 5,4% na taxa estadual em relação a 2023.
A primeira meta anunciada pela governadora Raquel Lyra (PSD) na segurança pública foi reduzir em 30% os homicídios até dezembro de 2026. Mesmo com os números do Anuário, a gestão estadual afirma que o plano está em curso e já apresenta resultados.
Segundo o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, os homicídios caíram 11,8% de janeiro a junho de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado. “É o segundo melhor resultado da série histórica, atrás apenas de 2013. A meta da governadora está mantida”, disse para o BlogDellas.
Nos municípios mais críticos, os dados da SDS mostram que São Lourenço da Mata teve queda de 15,2% nos homicídios, e o Cabo de Santo Agostinho, de 8,5%, no mesmo intervalo.
A gestão estadual também afirma que sete mil novos policiais serão incorporados até o início de 2026, sendo que 2.400 já entram em atividade em agosto de 2025. O Governo aposta que esse reforço será determinante para a consolidação da meta.
Na tentativa de estruturar ações de longo prazo, o Governo de Pernambuco firmou em julho um acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) para a implementação de planos locais de prevenção à violência em 10 municípios, com apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
A iniciativa será coordenada pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência (SJDH), por meio do programa Juntos pela Segurança, com previsão de ampliação para 42 municípios até o fim de 2025.
Paralelamente, um relatório técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE) publicado em junho revelou que 91,8% dos municípios pernambucanos não têm planos municipais de segurança, e mais da metade não conta com Guarda Municipal.
Segundo o TCE, 91% das cidades também não têm fundos próprios para ações na área, e há ausência de políticas preventivas e sistemas de videomonitoramento.
Com base nesses dados, o Jamildo.com preparou um material especial que detalha a situação da segurança pública nos municípios pernambucanos e os indicadores específicos nas cidades participantes do programa com a ONU. Veja aqui o levantamento completo:
Apesar da redução nos índices estaduais, lideranças da oposição criticam a forma como os dados têm sido divulgados.
Em entrevistas recentes, políticos da oposição e o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (SINPOL) alegam haver “maquiagem de números” por parte da Secretaria de Defesa Social, com subnotificação de casos e foco apenas nos CVLIs (Crimes Violentos Letais Intencionais), sem abordar o crescimento de feminicídios e crimes contra crianças.
O Anuário aponta que o Nordeste permanece como a região mais violenta do Brasil, com taxa média de 33,8 homicídios por 100 mil habitantes em 2024.
No Norte, a taxa foi de 27,7; no Sul, 14,6; e no Sudeste, 13,3. A Bahia concentra cinco das dez cidades mais violentas, Jequié, Juazeiro, Camaçari, Simões Filho e Feira de Santana.