Vereador abre debate sobre saúde mental no Setembro Amarelo e a psicóloga Amanda Pessoa de Melo alerta para sinais de risco e prevenção do suicídio.
por Ana Luiza Melo
Publicado em 03/09/2025, às 13h33 - Atualizado às 15h07
O vereador Eduardo Moura chamou a atenção nesta terça-feira (2) ao quebrar o silêncio e falar sobre sua trajetória pessoal ligada à saúde mental, durante a campanha do Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio. O discurso abriu espaço para reflexões no plenário e gerou repercussão entre profissionais da área.
O parlamentar falou sobre a importãncia de pedir ajuda. “Eu sou um cara que sofre de depressão. Tomo medicação. Em 2023, eu tentei tirar a minha própria vida. Deus falou comigo e disse: "você ainda tem o que fazer aqui", disse o vereador. “Falar não é sinal de fraqueza, é um ato de coragem. Se a minha experiência ajudar uma única pessoa a buscar apoio, já terá valido a pena”, afirmou.
Para a psicóloga Amanda Pessoa de Melo, ouvida pelo Jamildo.com, o impacto de falas como a de Moura vai além da política:
“A importância de figuras públicas compartilharem essas experiências é justamente mostrar que não existe vida perfeita. Que todos nós temos problemas. Isso humaniza, quebra estigmas e incentiva as pessoas a buscarem tratamento”, explicou.
Amanda comentou ainda que as pessoas tendem a fantasiar que só quem tem depressão ou algum outro transtorno é quem está com dificuldades financeiras ou quem é "fraco ou quem não tem força de vontade".
Segundo ela, o relato de alguém conhecido gera identificação e pode servir de estímulo: “Se ele buscou ajuda e melhorou, significa para alguém adoecido que "eu também tenho saída, também posso melhorar”.
A especialista ressaltou que a campanha não deve se limitar a ações simbólicas de setembro.
“A conscientização é o primeiro passo, mas a prevenção exige compromisso contínuo. É preciso investir em iniciativas nas escolas, capacitar educadores, promover rodas de conversa e criar canais de escuta ao longo do ano inteiro”, afirmou.
Ela também destacou a importância de materiais educativos, workshops e uma rede de encaminhamento para serviços de saúde mental, como CAPS e psicólogos escolares.
A psicóloga Amanda Pessoa de Melo alertou que familiares, amigos e colegas de trabalho podem ser os primeiros a perceber mudanças preocupantes no comportamento.
Principais sinais de alerta:
Verbais: frases como “não aguento mais”, “queria sumir”, “sou um fardo”; despedidas ou declarações finais.
Comportamentais: isolamento social, perda de interesse, mudanças bruscas de humor, alterações no sono e apetite, negligência com a aparência, comportamentos de risco.
Emocionais: tristeza profunda, desesperança, sensação de vazio, irritabilidade, incapacidade de sentir prazer.
Ao identificar esses sinais, a recomendação é agir com empatia: ouvir sem julgamentos, incentivar a busca por ajuda e, em casos de risco iminente, acionar serviços especializados, como o CVV (188) e os CAPS.
“Observar e acolher são os primeiros passos. O objetivo não é resolver o problema da pessoa, mas oferecer suporte e incentivar a busca por ajuda especializada”, concluiu a psicóloga.
Eduardo falou em seu discurso que o Recife conta com 30 aparelhos de atenção psicossocial, sendo 27 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), mas ressaltou que é preciso atenção no número de equipamentos e profissionais para atender à crescente demanda da população.
Em sua fala, o vereador afirmou que quase 200 mil recifenses vivem hoje com diagnóstico de depressão e que a saúde mental precisa ser tratada como prioridade. "Ignorar esse problema pode custar vidas", afirmou o vereador.