Grupo que move processo administrativo alega capacitismo e obscenidade nos gestos de Thiago Medina e Gilson Filho contra o presidente Lula
por Cynara Maíra
Publicado em 06/05/2025, às 09h04 - Atualizado às 14h24
Um grupo de vereadores do Recife protocolou um pedido de abertura de processo administrativo por quebra de decoro parlamentar contra os vereadores Thiago Medina (PL) e Gilson Machado Filho (PL), após a divulgação de um vídeo nas redes sociais com piadas cpntra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A publicação foi feita durante uma sessão ordinária na Câmara Municipal no dia 29 de abril.
A representação é assinada por Cida Pedrosa (PCdoB), Jô Cavalcanti (PSOL), Liana Cirne (PT), Kari Santos (PT), Rinaldo Júnior (PSB) e Osmar Ricardo (PT), parlamentares ligados a partidos da base do governo federal e municipal.
Os políticos acusam os dois vereadores de promoverem discursos capacitistas e obscenos ao fazerem referência ao acidente de trabalho que causou a amputação de um dedo de Lula.
Capacitismo é o termo utilizado para fazer referência à discriminação contra pessoas com deficiência (PCDs), que manifesta a ideia de que PCDs são pessoas menos capazes.
Nas imagens, gravadas durante a votação do projeto que cria o “Dia Municipal em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”, Gilson Machado aparece ao lado de Thiago Medina e ironiza: “Nunca vi até hoje alguém levar uma facada fake… Agora perder um dedinho para se aposentar, isso eu já vi”.
Em seguida, questiona onde estaria o dedo amputado do presidente e faz um gesto considerado por alguns como obsceno com a mão.
No mesmo dia, Thiago Medina compartilhou a fala nas redes sociais.
O pedido dos parlamentares usa como base o artigo 35 do Regimento Interno da Câmara, que prevê sanções para parlamentares por “falta de decoro parlamentar durante as reuniões plenárias”.
Caso o processo avance, Medina e Gilson podem ser advertidos ou suspensos por até 30 dias.
Em nota enviada ao portal Jamildo.com, Thiago Medina atribuiu a movimentação dos colegas de plenário a uma tentativa de desviar o foco da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos aditivos do Parque Eduardo Campos.
“É no mínimo curioso que, no dia seguinte ao anúncio da coleta de assinaturas para a CPI, a imprensa noticie que parlamentares da base do prefeito João Campos moveram processo disciplinar contra este mandato”, declarou.
O vereador também argumentou que o conteúdo do vídeo está amparado pela liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar. “Se ainda vivemos em um estado democrático de direito e não em uma ditadura comunista, criticar figuras públicas não constitui quebra de decoro”, afirmou.
O gabinete de Thiago Medina informou que ele ainda não foi notificado formalmente. A assessoria de Gilson Machado Filho também foi procurada, mas não respondeu até o momento da publicação. Quando houver uma resposta, essa matéria será atualizada
De acordo com nota divulgada à imprensa, o vereador afirmou que "não foi notificado sobre qualquer processo referente à suposta quebra de decoro parlamentar noticiada na última segunda-feira (5)".
"Caso as declarações dos vereadores Gilson e Thiago venham a ser consideradas quebra de decoro, será necessário rever toda a prática da Casa. Afinal, o que já foi dito, e continua sendo dito, por membros da esquerda contra o ex-presidente Jair Bolsonaro são acusações muito mais graves e jamais resultaram em qualquer tipo de questionamento ético. Dois pesos e duas medidas não podem prevalecer em um parlamento que se pretende democrático", afirma a nota.