Um dia antes de anunciar Pernambuco Meu País, Raquel Lyra faz entrega em Garanhuns

Tida como um festival concorrente ao FIG, Raquel Lyra anunciará programação do Pernambuco Meu País um dia depois de ir para Garanhuns

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 10/07/2025, às 10h54 - Atualizado às 12h14

Sivaldo Albino é o prefeito de Garanhuns. Raquel Lyra está na cidade nesta quinta (10) - Hesíodo Góes/Secom
Sivaldo Albino é o prefeito de Garanhuns. Raquel Lyra está na cidade nesta quinta (10) - Hesíodo Góes/Secom

Na véspera do lançamento da segunda edição do Festival Pernambuco Meu País, a governadora Raquel Lyra (PSD) desembarca em Garanhuns, cidade governada pelo prefeito Sivaldo Albino (PSB) e foco de um dos principais festejos do estado durante o inverno. 

Durante a manhã desta quinta-feira (10), Raquel realizou a entrega de mais de 500 títulos de propriedade a famílias dos núcleos Heliópolis e Santa Rosa, dentro do programa estadual de regularização fundiária.

À tarde, ainda em Garanhuns, a governadora lança o edital de expansão do Leite Para Todos, com previsão de distribuição gratuita para famílias em situação de vulnerabilidade.

A visita ocorre sob clima político tenso. No último ano, o município tem protagonizado um distanciamento institucional com o governo estadual, especialmente após a ruptura na organização do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), evento tradicional da cidade.

Entenda impasse entre o FIG e o Governo Raquel

Criado em 1991, o FIG é um dos maiores festivais multiculturais do país. Até 2022, era promovido em parceria entre o Estado e a Prefeitura.

A partir de 2023, com a entrada de Raquel Lyra no Governo Estadual,  Sivaldo Albino passou a criticar publicamente a falta de apoio da atual gestão. Em 2024, o prefeito assumiu a realização integral do festival, retirando do governo estadual o comando dos principais polos.

Como reação, o governo lançou o Festival Pernambuco Meu País, que terá sua segunda edição anunciada oficialmente nesta sexta-feira (11), às 9h, no Cais do Sertão, no Bairro do Recife.

O novo festival prevê 21 dias de programação, entre julho e setembro, com ações culturais em diversas cidades do Agreste e Sertão.

A exclusão de Garanhuns do circuito foi lida como um gesto simbólico de retaliação. À época, Sivaldo reagiu afirmando que “o FIG e Garanhuns são maiores do que qualquer governo”. No mesmo ano, o festival municipal homenageou o ex-governador Eduardo Campos, líder histórico do PSB, em contraste com o posicionamento político da atual gestão.

Mesmo com o distanciamento institucional entre Governo e município , a Prefeitura prevê receber mais de 1,8 milhão de visitantes durante os 18 dias de programação.

Em paralelo, o Governo do Estado promete ampliar o alcance do Pernambuco Meu País, que percorre cidades como Caruaru, Gravatá, Triunfo e Taquaritinga do Norte, com mais de 900 ações culturais previstas até setembro.

Sivaldo já fez duras críticas contra Raquel Lyra

Aliado do possível adversário de Raquel em 2026, o prefeito Sivaldo Albino já fez duras críticas à condução política de Raquel Lyra.

Em maio, declarou ao Jamildo.com que o Estado tem atuado com “parcialidade” e que os recursos só chegam às cidades cujos prefeitos “aderem ao projeto político da governadora” e  lamentou o fim de convênios com a Prefeitura de Garanhuns.

Segundo Sivaldo, a gestão estadual deseja “governar apenas para aliados”. As entregas na cidade nesta quinta talvez representem uma mobilização da governadora para captar o eleitorado desses locais dominados pelos socialistas. 

Festival de Raquel gerou palco duplo no Carnaval do Marco Zero em 2025

O Pernambuco Meu País também ganhou versão carnavalesca em 2025, e representou uma versão festiva e antecipada do que se verá na eleição estadual de 2026.

Em fevereiro, a Secretaria de Cultura do Estado instalou um palco no jardim do Cais do Sertão, a cerca de 150 metros da estrutura do Marco Zero, tradicionalmente montada pela Prefeitura do Recife, comandada por João Campos (PSB).

A sobreposição das estruturas foi criticada por aliados de Campos, que viram a ação como uma tentativa de disputa política no maior polo do Carnaval do estado.

O governo estadual, por sua vez, alegou que o palco foi montado para “acolher artistas da cultura popular pernambucana”, com programações majoritariamente à tarde, o que não atrapalharia as atividades da PCR.