Enquanto Raquel Lyra inicia nova requalificação no Aeroporto de Noronha, Anac proíbe aumento de voos na região

A decisão da Anac e a nova etapa de requalificação do Aeroporto de Fernando de Noronha ocorrem após dois aviões atolarem na pista de pouso do local

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 10/07/2025, às 09h29 - Atualizado às 10h12

Pista de Pouso de Fernando de Noronha - Divulgação
Pista de Pouso de Fernando de Noronha - Divulgação

A governadora Raquel Lyra (PSD) deu início nesta semana à nova etapa das obras de requalificação no Aeroporto Governador Carlos Wilson, em Fernando de Noronha.

A medida ocorre em meio a um alerta nacional: após dois episódios de afundamento de trens de pouso em menos de dez dias, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou a proibição do aumento de voos e impôs limitações operacionais no terminal, por questões de segurança.

Segundo a Anac, a decisão visa “preservar a continuidade do transporte aéreo de passageiros e manter os níveis adequados de segurança operacional na ilha”. Entre as novas restrições estão:

  • Congelamento da quantidade de voos já autorizados;

  • Limitação de operações simultâneas entre aeronaves comerciais e da aviação geral durante os horários da aviação regular;

  • Redução do parâmetro de resistência do pavimento do aeroporto, limitando o peso das aeronaves.

Os episódios que motivaram a decisão envolvem aeronaves da Azul e da Gol que tiveram os pneus afundados no pátio de manobras do terminal, nos dias 22 e 29 de junho, respectivamente. Em ambos os casos, os aviões acabaram presos ao solo e precisaram de manobras especiais para liberação.

Diante do agravamento da situação, o Ministério de Portos e Aeroportos e a própria Anac cobraram do Governo de Pernambuco respostas sobre as condições estruturais do aeroporto e o cronograma detalhado das intervenções. O ofício federal, enviado no dia 22 de junho, ainda não havia sido respondido formalmente até o fim do mês de junho. 

Nova etapa da obra começa em meio a cobranças

O Governo de Pernambuco anunciou que a segunda fase da obra teve início nesta semana.

A intervenção, coordenada pela Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), concentra-se no pátio de taxiamento e estacionamento de aeronaves, justamente o setor onde ocorreram os incidentes recentes. Também será feita a recuperação da pista de taxiamento Alfa.

O projeto total de requalificação do aeroporto é orçado em R$ 60 milhões. A primeira fase foi concluída em março de 2025, com a entrega da nova pista central de pouso e decolagem, o que permitiu o retorno das operações com jatos comerciais após dois anos de suspensão.

A atual etapa prevê o uso de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), material mais resistente, e está sendo executada no período noturno, entre 17h e 2h da manhã, para minimizar impactos nas operações e na rotina da ilha.

Logo após os afundamentos, a Semobi alegou que o trecho onde os incidentes ocorreram ainda não havia sido contemplado pela obra e atribuiu o atraso ao calendário climático de Noronha.

ANAC mantém monitoramento e cobra cronograma

A Anac afirmou, em nota, que a interrupção das obras em março comprometeu as metas pactuadas anteriormente com o Governo de Pernambuco para o pleno funcionamento do terminal. Com isso, a agência optou por novas medidas cautelares para evitar riscos operacionais.

A decisão foi comunicada oficialmente ao governo estadual, à concessionária Dix Aeroportos e às companhias que operam voos na ilha. A Anac também afirmou que seguirá monitorando a situação e pode adotar novas medidas caso identifique riscos adicionais à segurança.

A Dix Aeroportos, responsável pela operação local, informou que os incidentes ocorreram em áreas que ainda aguardavam requalificação e que os protocolos de emergência foram seguidos. A Gol e a Azul também confirmaram as falhas estruturais no pátio e disseram que os passageiros foram desembarcados com segurança.