Raquel x Alepe: empresários tentam intervir em travamento e governistas pedem audiência pública sobre empréstimo

Com travamento de pauta e mobilização da base governista para impedir votações até votação de empréstimo, empresários tentam mediar situação

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 03/06/2025, às 10h18 - Atualizado às 11h05

Raquel Lyra e Álvaro Porto vivem guerra fria - Janaína Pepeu/Secom
Raquel Lyra e Álvaro Porto vivem guerra fria - Janaína Pepeu/Secom

O impasse entre o Governo de Pernambuco e a Assembleia Legislativa (Alepe) entrou em nova fase nesta semana, com tentativas da base governista e a entrada de representantes do setor produtivo como possíveis mediadores da crise institucional.

A situação entre a Alepe e o Governo Raquel Lyra (PSD) está vinculada com um pedido de empréstimo de R$ 1,5 bilhão e a sabatina de um indicado para administrador de Fernando de Noronha.

Com Raquel sem ter pago a integridade das emendas parlamentares de 2024, os deputados, principalmente da oposição, tem entrado em atrito direto com o governo e adiado as requisições da gestão.

Como forma de pressionar pela aprovação do empréstimo integral para o estado, a deputada estadual Débora Almeida (PSDB) anunciou que vai protocolar um pedido de audiência pública sobre o tema nas três principais comissões da Casa: Constituição, Justiça e Legislação (CCLJ), Finanças e Administração Pública.

O objetivo seria esclarecer as informações apresentadas pelos três presidentes das Comissões da Alepe na semana passada.

A ideia da deputada é convidar os secretários estaduais Wilson de Paula (Fazenda) e Fabrício Marques (Planejamento) para que prestem esclarecimentos e respondam aos questionamentos da oposição sobre o projeto das emendas.

Eles fazem coletiva de imprensa para apresentar dados. Então, por que não chamar os secretários responsáveis para esclarecer tudo isso em conjunto?”, questionou a parlamentar.

Na coletiva de imprensa da última terça-feira (27), parlamentares da oposição que representam as principais comissões do Legislativo afirmaram que já havia autorização para mais de R$ 1,7 bilhão em financiamentos que não foram utilizados e teceram diversas críticas para o Governo.

Assim como já tinha feito Raquel, Débora relembrou que a demora em votar o empréstimo pode gerar a perda do financiamento, caso outros estados aprovem antes suas propostas junto aos órgãos credores.

Empresários querem intervir em briga da oposição com Raquel Lyra

Sem perspectiva de conciliação entre os grupos, empresários parecem querer intermediar o conflito diretamente.

Na segunda-feira (02), representantes do setor se reuniram com deputados para discutir a paralisação das votações e compartilhar suas preocupações sobre possíveis consequências econômicas para o estado.

Em fala, o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE), Bruno Veloso, afirmou que a instabilidade política pode comprometer investimentos e que o setor produtivo está disposto a atuar como ponte entre o Legislativo e o Executivo.

Estamos organizando um encontro com os dois lados para distensionar qualquer mal-entendido. Precisamos evitar que o desentendimento institucional prejudique o desenvolvimento do Estado”, disse.

Apesar da base governista ter trancado a pauta, o presidente Álvaro Porto conseguiu uma definição que permite votar alguns tópicos. Driblando a manobra do presidente da Alepe, o Governo tem esvaziado as sessões plenárias para impedir as votações.

Em nota, a líder do Governo na Assembleia, deputada Socorro Pimentel (UB), defendeu que a base governista obstruiu a sessão plenária da última terça-feira (27) como forma de garantir isonomia no tratamento das matérias. Ela define o gesto como “afirmação” perante o que ocorre na Alepe.

No PodJá- O Podcast do Jamildo, o deputado Antônio Moraes (PP), aliado do Palácio do Campo das Princesas, também falou sobre o tema, definindo-o como uma “guerra política” antecipada por disputas em torno das eleições de 2026.

Moraes ainda disse que o objetivo da oposição é “impedir que a governadora entregue as obras".

Segundo Raquel Lyra, os recursos vindos do empréstimo são essenciais para a continuidade de obras estruturantes, como o Arco Metropolitano, a duplicação da BR-232 e a construção de hospitais e sistemas de abastecimento.

“Pernambuco tem pressa”, afirmou, ao destacar que a capacidade de endividamento do Estado foi restaurada e que há risco de perder a oportunidade de financiamento para outras unidades federativas.