Antônio Moraes fala em intervenção de João Campos e Bolsonaro após Porto acusar Raquel de tentar interferir na Alepe

Sessão da Alepe contou com reclamação de Álvaro Porto e defesa de deputados da base governista, como Antônio Moraes, sobre situação das comissões

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 25/02/2025, às 10h04 - Atualizado às 10h06

Antônio Moraes defendeu governo Raquel de acusação de Álvaro Porto de que gestão estaria intervindo em eleições de comissões - Roberto Soares/Alepe
Antônio Moraes defendeu governo Raquel de acusação de Álvaro Porto de que gestão estaria intervindo em eleições de comissões - Roberto Soares/Alepe

A disputa pelo controle das comissões principais da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) segue gerando embates entre os deputados estaduais.

Na sessão da segunda-feira (24), o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), acusou o governo Raquel Lyra (PSDB) de tentar interferir na autonomia do Legislativo durante as eleições das comissões da Alepe.

Após a fala de Porto, o deputado Antônio Moraes (PP) se pronunciou sobre o caso e citou uma suposta interferência nas comissões do prefeito do Recife, João Campos (PSB) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Álvaro Porto afirma que Raquel Lyra tentou intervir em eleições da Alepe

Durante seu discurso, Álvaro Porto defendeu a independência do Legislativo e acusou o governo estadual de interferência no processo.

O parlamentar criticou a presença de assessores do Executivo nas reuniões, chamando a atitude de "truculenta e inapropriada". Segundo ele, a movimentação do governo tinha como objetivo influenciar as decisões da Alepe.

"O governo tentou impor sua vontade sobre esta Casa, o que é inaceitável. A presença ostensiva de assessores nas discussões é um sinal claro de desrespeito ao nosso papel", afirmou Porto.

O presidente da Alepe também criticou uma carta de repúdio assinada por parlamentares aliados ao governo contra Rodrigo Farias (PSB). Segundo ele, o documento demonstraria uma tentativa do Executivo de restringir a atuação dos deputados opositores.

Na carta, diversos deputados expressam preocupação com as recentes decisões de Rodrigo Farias sobre a composição e eleição dos membros das comissões permanentes da Alepe.

Segundo eles, foi assinado em horário fora do horário limite estabelecido o documento que criou uma sessão extraordinária para decidir as lideranças na Casa. O grupo ainda cita que o tema não teria a devida urgência para ocorrer excepcionalmente fora do expediente. 

Antônio Moraes defende Governo e diz que João Campos e Bolsonaro interferiram em processo

Após a declaração do presidente da Assembleia, o deputado Antônio Moraes contestou a narrativa de interferência exclusiva do governo Raquel Lyra. Ele alegou que outros atores também influenciaram o processo.

"Aqui teve interferência do prefeito do Recife [João Campos] na eleição. E teve interferência de Jair Bolsonaro, porque nós tínhamos, naquela ocasião, maioria dentro do PL", afirmou Moraes, referindo-se à composição das comissões.

A deputada e líder do Governo na Casa, Socorro Pimentel (União), também rebateu as críticas e afirmou que o governo do Estado não interferiu na Alepe.

Socorro citou a própria eleição de Álvaro Porto como presidente da Casa, em dois mandatos consecutivos, como prova de que o Legislativo manteve sua autonomia.

"Queremos harmonia e igualdade de tratamento para todos os deputados. O que nos surpreendeu foi a forma como esse processo de eleição das comissões foi conduzido", disse.

O deputado João Paulo (PT) também criticou a condução das eleições e apontou a existência de uma aliança entre o PSB e o PL para enfraquecer o governo Raquel Lyra dentro da Alepe.

"Nunca vi, em cinco mandatos, um processo sem negociação para composição das comissões", disse. O petista ainda destacou que as críticas à governadora podem ter um viés de gênero. "Vivemos em uma sociedade machista, que ainda não aprendeu a lidar com mulheres no poder", afirmou.

A deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB), porém, discordou do argumento. "O que me interessa é a governabilidade do Estado. Minhas críticas não têm relação com gênero, mas com a condução da gestão", pontuou.

Entenda polêmica com as comissões da Alepe

A polêmica iniciou após mudanças nas presidências das comissões permanentes da Alepe.

Durante o período de afastamento temporário de Porto, na primeira quinzena de fevereiro, o vice-presidente da Casa, Rodrigo Farias, convocou reuniões e conduziu as definições sem a participação da bancada governista, em uma sessão extraordinária. 

O grupo ligado a Raquel Lyra contestou o processo, alegando descumprimento do Regimento Interno.

Com a mudança, o Governo Raquel perdeu três comissões. Veja a nova configuração: 

  • A Comissão de Constituição, Legislação e Justiça, que estava com Antônio Moraes (PP), ficou com Alberto Feitosa (PL)
  • A Comissão de Finanças, Orçamento e Tributação, saiu de Débora Almeida (PSDB) para Antônio Coelho (União Brasil) 
  • A Comissão de Administração Pública, mudou de Joaquim Lira (PV) para Waldemar Borges (PSB)