Levantamento falso que apontava empate técnico entre João Campos e Raquel Lyra foi amplamente compartilhado; instituto negou autoria
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 17/05/2025, às 10h46
Uma suposta pesquisa sobre a eleição para o Governo de Pernambuco em 2026 provocou movimentações nos bastidores da política estadual após ser atribuída ao Seta Instituto, entidade de pesquisas sediada no Rio Grande do Norte. O levantamento, que nunca existiu, indicava um cenário de empate técnico entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e chegou a ser replicado em portais de notícias e perfis políticos nas redes sociais.
A “pesquisa” atribuía 40% das intenções de voto a João Campos e 38% a Raquel Lyra, sugerindo empate técnico, dentro da margem de erro. O material trazia supostos detalhes técnicos, como período de coleta (entre os dias 8 e 11 de maio), universo amostral de 2.500 entrevistas por telefone e menção a um número de registro no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE). Também fazia referência à greve de professores da rede municipal de ensino da capital como fator de influência no eleitorado.
Diante da popularização da informação, o Seta Instituto se manifestou oficialmente e negou ter realizado qualquer levantamento eleitoral sobre o Governo de Pernambuco no período citado.
Nós não realizamos nenhuma pesquisa no estado de Pernambuco. Estão utilizando a nossa marca indevidamente. Infelizmente, é um problema frequente, principalmente em ano pré-eleitoral em que a legislação não exige registro do levantamento junto ao site Pesqele/TSE.
A nota foi assinada por Ingrid Paiva, diretora do Instituto após solicitação do Blog Ponto de Vista.
Segundo pesquisa Simplex/CBN divulgada em 28 de abril, João Campos (PSB) tem 56,5% das intenções de voto no cenário estimulado, contra 26% da governadora. Brancos e nulos somam 10,4%, e indecisos, 7,1%.
Considerando apenas os votos válidos, o prefeito do PSB aparece com 68,5% e Raquel Lyra, com 31,5%. A pesquisa ouviu 1.067 pessoas em todo o estado, por telefone, e tem margem de erro de 3 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
Comparando o levantamento anterior, realizado em fevereiro, a governadora cresceu nas intenções de votos. Ela registrava 19,3% num cenário que ainda contava com o nome do ex-ministro do turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, que aparecia com 9,6%.
Com adesempenho quém nas pesquisas eleitorais e diante da possibilidade de enfrentar um adversário competitivo e bem avaliado em 2026, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, tem dado sinais de reconfiguração política. O objetivo: chegar mais competitiva à disputa estadual, mirando, inclusive, uma aproximação com o governo federal.
A movimentação mais emblemática nesse sentido foi a desfiliação do PSDB, partido ao qual esteve vinculada desde 2016, e sua entrada no PSD, legenda comandada nacionalmente por Gilberto Kassab. A sigla integra a base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília.
Com a troca partidária, Raquel sinaliza interesse em viabilizar um palanque ampliado em Pernambuco para a eventual candidatura à reeleição de Lula em 2026. Em entrevista ao PodJá, o podcast do Jamildo, o deputado estadual petista João Paulo afirmou que alas no partido desejam que os dois candidatos estejam com Lula.
Palanques divididos não é novidade na disputa pelo governo de Pernambuco. Aconteceu em
em 2006, com Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT) e, novamente, em 2022, com Danilo Cabral (PSB) e Marília Arraes (Solidariedade).
Na eleição passada, o presidente teve apoio de diferentes nomes no estado. O PSB, então à frente do Governo de Pernambuco com Paulo Câmara, lançou Danilo Cabral, que terminou a disputa fora do segundo turno. Já a ex-petista Marília Arraes (Solidariedade) também se apresentou como candidata identificada com o lulismo. Raquel Lyra, por sua vez, adotou postura de neutralidade e evitou se alinhar a qualquer presidenciável.
Agora, com João Campos despontando nas pesquisas e ocupando o espaço de principal nome ao governo do Estado — além da ligação pessoal com Lula e da composição do PSB na vice-presidência com Geraldo Alckmin —, Raquel tenta redesenhar sua posição no xadrez político.