Ex-incendiário: Romero Albuquerque defende diálogo com Raquel Lyra sobre pagamento de emendas parlamentares

Oposicionista, Romero critica postura de confronto e destaca esforço do Governo em buscar solução responsável para pendências financeiras com a Alepe

Yan Lucca

por Yan Lucca

Publicado em 07/01/2025, às 12h41 - Atualizado às 13h11

Romero Albuquerque é deputado estadual pelo União Brasil - Foto: Yan Lucca / Jamildo.com
Romero Albuquerque é deputado estadual pelo União Brasil - Foto: Yan Lucca / Jamildo.com

Em nota divulgada à imprensa, o deputado estadual Romero Albuquerque (União Brasil), considerado oposição ao governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), defendeu o diálogo com o Executivo e declarou ser "contrário a qualquer movimento ríspido contra o Governo do Estado" em relação ao pagamento das emendas parlamentares, que deveria ter sido efetuado até 30 de dezembro de 2024, conforme registrado pelo Blog do Jamildo.

Romero, casado com Andreza Romero (PSB), vereadora do Recife e recém-empossada chefe de Gabinete de Defesa e Proteção Animal, a convite do prefeito João Campos, comparou, em sua nota, os quatro anos da gestão de Paulo Câmara, período em que, segundo o parlamentar, "as emendas sequer eram discutidas, muito menos pagas".

"Hoje, mesmo com atrasos, vemos um esforço do governo em dialogar e cumprir sua obrigação legal. É claro que ainda há ajustes a serem feitos, mas judicializar ou adotar uma postura de confronto só vai gerar mais entraves. Se algum deputado foi privilegiado no período passado, a realidade foi outra para muitos de nós, e nossas bases sofreram. Estou confiante de que a governadora e sua equipe encontrarão uma saída responsável para essa situação”, afirmou.

O posicionamento do deputado ocorreu durante a reunião extraordinária realizada na segunda-feira (06/01), convocada pelo presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB). A reunião contou com a presença de 22 deputados, de diferentes siglas, incluindo Gilmar Junior (PV), Dani Portela (PSOL), Alberto Feitosa (PL) e Gleide Ângelo (PSB). A maioria dos participantes pertence à base de oposição na Alepe.

Na reunião, foi decidido solicitar informações à gestão de Raquel Lyra e pedir ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) a criação de uma auditoria especial para acompanhar o caso.

“Defendi na reunião que fosse mantido aberto o diálogo com a governadora, como o presidente Álvaro Porto vem conduzindo muito bem ultimamente. Sou contrário a qualquer movimento ríspido contra o Governo do Estado, que demonstrou em diversos momentos interesse em cumprir os compromissos com os parlamentares, incluindo o pagamento das emendas”, disse Romero.

Dados divulgados pela Alepe, com base no sistema e-Fisco, mostram o seguinte panorama sobre as emendas impositivas:

  • Montante total destinado: R$ 188 milhões
  • Valor efetivamente pago: R$ 43,5 milhões
  • Valor empenhado: R$ 85,5 milhões
  • Valor liquidado: R$ 61,8 milhões

O que disse o Governo?

A governadora Raquel Lyra havia se manifestado em dezembro, garantindo que o pagamento das emendas seria realizado dentro do prazo. No entanto, no dia 30 do mesmo mês, apontou problemas de burocracia e falhas na documentação das entidades e prefeituras beneficiadas como os principais entraves para a liberação dos recursos.

A justificativa, porém, não foi bem recebida pela maioria dos parlamentares, que destacaram que 90% das emendas retidas seriam destinadas à Saúde. Eles também ressaltaram que instituições importantes, como o Imip, a Fundação Altino Ventura e hospitais estaduais, incluindo o Hospital Getúlio Vargas (HGV), estavam entre os locais que seriam beneficiados pelos repasses que ainda não foram efetuados.

Sobre a possível judicialização, Romero afirmou: “Sou contrário a qualquer ato de improbidade ou medidas similares contra a governadora. Nosso papel é construir pontes, não criar atritos”.

Posicionamento

Três pessoas sorriem abraçados, Romero Albuquerque, João Campos e Andreza Romero
Romero Albuquerque deve entrar na base de Raquel Lyra após impasses sobre indicação de Andreza Romero no secretariado de João Campos - Reprodução

Após mudanças no secretariado da governadora Raquel Lyra, especulou-se que a criação da Secretaria-Executiva da Causa Animal seria uma tentativa de atrair Romero Albuquerque (União Brasil) para sua base.

Embora inicialmente fiel a João Campos (PSB), Romero agora enfrenta tensões com o grupo do prefeito, motivadas pelo orçamento da Secretaria do Direito dos Animais e pela forma como sua aliança foi tratada pela gestão socialista.

A negociação do orçamento da pasta gerou insatisfação na família Romero, que considerou os recursos insuficientes para as políticas públicas necessárias e a aliança política subestimada, mesmo com a relevância eleitoral da vereadora Andreza Romero.

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Esse impasse teria levado Raquel Lyra a retomar a proposta de incluir Romero em seu secretariado, mas a decisão de Andreza de permanecer na gestão de João Campos inviabilizou o acordo.

Com o desgaste nas relações com o prefeito e seu grupo, fontes indicam que Romero Albuquerque está inclinado a migrar para a base de Raquel Lyra. No entanto, a governadora parece relutante em reapresentar o convite, dado o desencontro político envolvendo o casal Romero e a administração de João Campos.

@blogdojamildo