Raquel Lyra vive impasse com a Alepe sobre autorização de empréstimo de R$ 1,5 bilhão. João Campos conseguiu autorização para R$ 900 milhões
por Cynara Maíra
Publicado em 17/06/2025, às 06h51 - Atualizado às 08h25
Enquanto se especula que o empréstimo solicitado por Raquel Lyra (PSD) só será aprovado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) após o recesso parlamentar, a Câmara Municipal do Recife aprovou na segunda-feira (16) a autorização para que a Prefeitura do Recife contrate um empréstimo de R$ 900 milhões.
A proposta do Executivo municipal permitirá à Prefeitura contrair o empréstimo com garantia da União, destinado a investimentos nas áreas de infraestrutura, saneamento, habitação, saúde e mobilidade urbana.
A autorização foi alvo de críticas da oposição, que apontou o volume acumulado de dívidas da atual gestão e questionou a aplicação dos recursos anteriores.
Segundo dados apresentados durante a discussão, os empréstimos autorizados para o Recife desde 2021 já somam R$ 3,7 bilhões. Com a nova autorização, esse montante chega a R$ 4,6 bilhões, o equivalente a mais de 50% do orçamento anual do município, atualmente em R$ 9 bilhões.
“Esse é mais um cheque em branco. Já foram contratados R$ 800 milhões para saneamento e infraestrutura e continuamos com ruas alagadas, encostas desprotegidas e unidades de saúde funcionando de forma precária”, criticou o vereador Thiago Medina (PL).
Na mesma linha, Felipe Alecrim (Novo) e Eduardo Moura (Novo) também votaram contra a proposta, apontando ausência de transparência e resultados concretos.
A base governista, por outro lado, defendeu a operação de crédito como essencial para manter o ritmo de investimentos e a execução de obras em bairros periféricos.
“Quem anda na cidade sabe o que está sendo feito. A Prefeitura tem responsabilidade fiscal e capacidade de pagamento. O recurso vai garantir mais obras e qualidade de vida para quem mais precisa”, rebateu o líder do governo na Câmara, Samuel Salazar (MDB).
Enquanto o Recife avança com sua agenda de financiamento, o Governo de Pernambuco segue sem conseguir destravar a pauta na Alepe para votar o Projeto de Lei nº 2692/2025, que solicita autorização para contratação de um empréstimo de R$ 1,5 bilhão.
A proposta foi encaminhada em regime de urgência há mais de 80 dias, mas não avança devido ao impasse entre a base governista e os deputados da oposição.
A tensão se intensificou após a base aliada ao Palácio do Campo das Princesas esvaziar sucessivas sessões, em protesto contra alterações feitas pela Comissão de Finanças, que condicionou parte do valor do empréstimo, cerca de R$ 750 milhões, a repasses diretos aos municípios. Desde então, a pauta permanece trancada, com obstrução mútua entre os grupos políticos.
O entrave entre os poderes também atinge outras pautas relevantes, como a nomeação de gestores indicados pelo governo e o segundo pedido de empréstimo, de R$ 1,7 bilhão, enviado por Raquel Lyra à Alepe no início de junho.
O novo projeto busca financiamento para obras de infraestrutura hídrica, recuperação de rodovias e construção de unidades de saúde, mas encontrou resistência imediata entre os deputados.
“O Governo está em crise política e, ao invés de resolver, aumenta a temperatura pedindo outro empréstimo sem nem ter explicado o uso do anterior”, criticou o deputado Alberto Feitosa (PL), presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
Com o recesso parlamentar se aproximando, a expectativa entre os bastidores é de que a votação dos pedidos de crédito do governo estadual fique para o segundo semestre.
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