Vitória do grupo de Túlio Gadêlha na presidência da Rede no Recife pode impactar diretamente possível eleição de 2026 entre Raquel Lyra e João Campos
por Cynara Maíra
Publicado em 27/01/2025, às 06h49 - Atualizado às 07h00
No domingo (26), cerca de 500 filiados do partido Rede Sustentabilidade participaram da conferência municipal da legenda no Clube Internacional do Recife.
Durante o encontro, a nova direção partidária na capital foi eleita, com a chapa vinculada ao deputado federal Túlio Gadêlha, que conquistou 88% dos votos.
Com o lema de campanha “Rede com Unidade”, os novos porta-vozes da legenda no Recife para o mandato de dois anos são Ebinho Florêncio e Luciana Nunes.
Dupla alinhada com Gadêlha, o deputado federal destacou o caráter participativo do processo: “Foi a maior conferência da história do nosso partido no Recife. Um processo democrático, onde os filiados tiveram a oportunidade de votar e discutir juntos o futuro do nosso partido na cidade".
A manutenção da liderança do único deputado federal da federação PSOL-REDE em Pernambuco ocorre após a Rede não conseguir impor a candidatura de Túlio nas eleições municipais do Recife.
Com o PSOL tendo a maior parcela da Federação, o grupo lançou o nome da deputada estadual Dani Portela (PSOL), que ficou em terceiro lugar com 3,78% dos votos válidos.
Durante o período de pré-campanha, ambos os políticos montavam eventos como candidatos próprios. Como mais próximo da governadora Raquel Lyra (PSDB), falava-se sobre a possibilidade de que Túlio seria a segunda opção da governadora para enfraquecer a disputa contra o prefeito João Campos (PSB).
Sem Túlio e mesmo com o uso da polarização Lula x Bolsonaro com Gilson Machado (PL) como candidato, João Campos bateu recorde e conseguiu 78% dos votos válidos na cidade.
Com a direção municipal definida, a Rede Sustentabilidade foca agora na organização de sua conferência estadual, prevista para março. Na ocasião, será escolhida a nova direção do partido em Pernambuco.
O controle do partido poderá interferir nos possíveis apoios da legenda nas eleições de 2026, que possivelmente serão entre Raquel Lyra e João Campos.
Em 2022, durante o segundo turno entre Raquel e Marília Arraes (Solidariedade), o endosso de Gadelha para o nome da tucana gerou um dos primeiros atritos entre a Federação formada naquele ano.
Como o prazo mínimo de uma Federação é de quatro anos, o PSOL e a Rede poderão operar separadamente novamente. A questão é que o cenário nacional muitas vezes difere da questão estadual, então não há certeza se as lideranças dos partidos terão interesses de acabar com a união.
Uma vitória de Gadêlha no diretório estadual de Pernambuco poderá aumentar sua influência com a presidente do Partido, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que tem proximidade com o deputado estadual.
Apesar de já ter sido filiada ao PSB, Marina Silva já teve atritos com o atual presidente do partido, Carlos Siqueira, durante a campanha presidencial de 2014.
De toda forma, o endosso de Túlio por Raquel, que também é próxima de membros do PT como o deputado estadual João Paulo, poderá enfraquecer um alinhamento da esquerda com o nome de João Campos.