Raquel Lyra foi de Brasília para São Paulo. Após voltar da capital federal, Álvaro foi para o Sertão. Sem líderes dos Poderes, deputados mantêm impasse
por Cynara Maíra
Publicado em 27/11/2025, às 08h50
Impasse na Alepe deve continuar até próxima semana com Raquel Lyra e Álvaro Porto fora do Recife
Governadora está em São Paulo e tem agenda no Sertão nesta quinta (27); presidente da Alepe viajou para Petrolina
Assembleia mantém travados empréstimo de R$ 1,7 bilhão e PEC 30 sobre emendas parlamentares
Álvaro Porto quer dados do governo antes de votar crédito solicitado desde junho
Articuladores dos dois lados negociam, mas não podem definir sem aval dos líderes
Apesar de ter ocorrido a reunião plenária na quarta-feira (26), a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) continua em impasse sobre dois temas decisivos para 2026.
Com a governadora Raquel Lyra (PSD) e o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), fora do Recife, os articuladores de ambos os lados debatem soluções, mas sem poder "bater o martelo" sem o aval dos líderes.
O problema está em dois textos: a autorização do empréstimo de R$ 1,7 bilhão, que aguarda votação desde junho, e a votação da PEC 30, que pode aumentar a porcentagem de recursos destinados a emendas parlamentares.
O grupo da governadora condiciona qualquer negociação à votação do empréstimo R$ 1,7 bilhão, que Porto já afirmou que deve pautar apenas em 2026 após solicitar um pedido de informações sobre o uso de outros recursos aprovados na Alepe.
A ideia do presidente do Legislativo é receber os dados e usar os próprios números do Governo Raquel Lyra para dizer que a gestão da governadora tem recursos para usar no estado e não precisaria do empréstimo de R$ 1,7 bilhão com a urgência que divulga.
Os governistas alegam que o crédito é imprescindível para assegurar obras estruturadoras do Estado e o processo de atraso da votação é apenas uma manobra política. Situação semelhante ocorreu com o empréstimo de R$ 1,5 bilhão, que demorou quase seis meses até ser aprovado na Alepe.
Um interesse de Porto também pode dar maior poder aos deputados estaduais e diminuir os recursos da gestão de Raquel. Em debate nesta semana, a oposição quer aprovar dentro da Proposta de Emenda à Constituição 30 um aumento no valor das emendas.
Raquel Lyra, após agenda em Brasília, seguiu para São Paulo e tem compromissos no Sertão nesta quinta-feira. Já Álvaro Porto retornou da capital federal direto para Petrolina. Sem a presença física dos líderes para bater o martelo, as tentativas de acordo lideradas por deputados e pelo secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça, fracassaram.
Sem os projetos principais na pauta, a sessão de quarta-feira (26) serviu para o debate de temas setoriais e aprovação de projetos menos polêmicos.
O deputado Coronel Alberto Feitosa (PL) usou a tribuna para defender os trabalhadores de autoescolas, criticando a decisão do Ministério dos Transportes de substituir aulas práticas por simuladores. Segundo ele, a medida ameaça 5 mil empregos no estado.
Já o deputado Caio Albino (PSB) reclamou da precariedade do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado (Sassepe). O parlamentar citou a suspensão de atendimentos oncológicos em Arcoverde e filas de 45 dias para consultas básicas.
Os deputados Abimel Santos (PL) e Simone Santana (PSB) também falaram no plenário, cobrando soluções para os vigilantes terceirizados do estado. A categoria enfrenta atrasos salariais de três meses e falta de vale-alimentação. Abimel ameaçou coletar assinaturas para uma CPI.
A sessão também aprovou, por unanimidade, a denominação da rodovia PE-350 como "Deputado José Patriota", em homenagem ao ex-presidente da Amupe falecido recentemente.